Lula diz que pedido do Uruguai sobre China 'é justo', mas defende Mercosul

-Thaís Augusto e Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo, e Colaboração para o UOL, em Montevidéu

25/01/2023 14h17Atualizada em 25/01/2023 15h51

Em visita ao Uruguai, o presidente Lula (PT) classificou como "justa" a movimentação do país em negociar um tratado bilateral com a China, mas defendeu o Mercosul. Lula chegou hoje a Montevidéu para uma reunião com Luis Lacalle Pou.

Os pleitos do presidente Lacalle são mais do que justos. Primeiro porque o papel de um presidente é defender os interesses do seu país. Segundo, que é justo querer produzir e vender mais."

O presidente uruguaio vem pedindo a flexibilização do Mercosul e a possibilidade de os países membros negociarem individualmente com outros países fora do bloco.

Uma das maiores sinalizações nesse sentido foi o anúncio, em julho de 2022, de que o Uruguai havia dado os primeiros passos para negociar um tratado bilateral com a China.

Lula afirmou ser possível que o Mercosul discuta, futuramente, a possibilidade de um acordo entre o bloco e o país asiático. Para o presidente brasileiro, no entanto, a prioridade deve ser a conclusão do acordo entre União Europeia e Mercosul, que ainda precisa ser ratificado por todos os países dos dois blocos. "É urgente e necessário".

O que eu disse ao presidente Lacalle e tenho dito aos meus ministros é que vamos intensificar as discussões com a União Europeia, firmar esse acordo para que a gente possa discutir apenas um possível acordo entre China e Mercosul.
Lula fala à imprensa após reunião com presidente Lacalle Pou

Ele lembrou que estava no primeiro mandado, em 2003, quando começaram as discussões por um acordo Mercosul e União Europeia.

No pronunciamento, Lula disse, ainda, que o Brasil está "totalmente de acordo" com as ideias de inovar ou renovar o Mercosul. Segundo ele, isso deve ser feito com base em uma avaliação de técnicos e reuniões com ministros e mandatários de todos os membros do bloco.

O presidente uruguaio disse que ambos estavam "despojados de ideologia" e elogiou a reunião. "Temos algumas diferenças, mas nos concentramos nos pontos em que queremos avançar."

A gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu sinais de apoio aos pedidos de flexibilização do Mercosul. O governo Lula, no entanto, vinha se manifestando no sentido contrário. Celso Amorim, ex-chanceler e atual assessor especial da presidência da República, afirmou ontem que respeita o Uruguai, mas defendeu que o Mercosul deve ser preservado.

Lula e Lacalle discursaram no jardim da residência presidencial Suárez y Reyes, em Montevidéu. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que faz aniversário hoje, acompanha o encontro, assim como o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o assessor especial da Presidência da República Celso Amorim.

Segundo a agenda oficial de Lula, ainda há outros dois compromissos hoje:

  • Lula receberá em Montevidéu uma medalha por seus esforços em defesa do Meio Ambiente, tanto em seus mandatos anteriores, quanto em suas declarações e ações recentes;
  • Em seguida, Lula e Janja vão para a chácara do ex-presidente e amigo Pepe Mujica. Eles voltam ao Brasil ainda hoje.

É a primeira viagem oficial de Lula desde a posse. Ontem, ele esteve em Buenos Aires, na Argentina, para discutir a criação de uma moeda comum para transações comerciais, além do uso do BNDES para obras no exterior.

*Com Estadão Conteúdo 

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/01/25/lula-uruguai-25-de-janeiro.htm

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