Guedes leva um passa-moleque de Arthur Lira
Carlos Graieb
Paulo Guedes se torna a cada dia mais patético.
Uso a palavra tanto no seu sentido etimológico, que diz respeito ao que provoca pena, quanto no seu sentido coloquial, como sinônimo de ridículo.
Hoje, ele levou um passa-moleque de Arthur Lira, o presidente da Câmara.
Passeando no Bahrein, Guedes disse aos jornalistas que espera ver uma reforma administrativa aprovada até dezembro.
Lira respondeu que não pretende pautar a matéria, porque ela só recebe “um pálido apoio do governo”.
Guedes é patético porque não antecipou o óbvio.
Seu chefe, Jair Bolsonaro, acaba de dizer que gostaria de dar um aumento para todos os funcionários públicos.
Fez papel de bom moço para a categoria.
O ministro da Economia achou mesmo que depois disso Lira aceitaria representar o vilão da opereta, levando ao plenário uma reforma que, mesmo sem mexer com os atuais servidores, vai ser demonizada por eles e por seus lobistas?
Mais ainda: o dinheiro para o reajuste do funcionalismo sairia de onde? Uma possibilidade seria morder a verba que, uma vez aprovada a PEC do Calote, deve ser destinada às famigeradas emendas do relator, ou qualquer outro mecanismo que venha a substituí-las.
Essas verbas são a base do poder de Lira.
Nominalmente “do relator”, elas são na verdade suas, e ele as distribui da maneira que mais lhe convém.
Sério mesmo, Paulo Guedes?
Lira é uma figura molesta.
Se um dia uma escola de samba fizesse um carro alegórico sobre o fisiologismo, ele provavelmente estaria representado lá no topo, cheio de plumas.
Mas uma coisa não se pode negar a ele.
Enquanto Bolsonaro faz palhaçadas mundo afora, e videozinhos dos seus quartos de hotel; enquanto Paulo Guedes se comporta como o Colimério (procure na internet, é um urso atarantado dos antigos desenhos do Pica-Pau), Lira faz a coisa andar.
As poucas soluções que mantêm esse governo incompetente à tona se devem a ele.
Mas não, Paulo Guedes, ele não vai dar a cara a tapa enquanto Bolsonaro manda beijos para o funcionalismo.
Menos ainda se houver risco de mexerem nas suas emendas, nos seus bilhões.
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