Meio bilhão em propinas: no rastro do dinheiro da Braskem e da Odebrecht
Diego Escosteguy
Após o acordo e a condenação em Nova York do executivo José Carlos Grubisich, investigadores no Brasil, nos Estados Unidos, na Suíça e em Portugal avançaram na identificação dos destinatários de parte dos cerca de R$ 512 milhões desviados da Braskem no exterior.
O dinheiro saía da Braskem, passava por bancos nos Estados Unidos, em Portugal, na Inglaterra e na Áustria, entre outros países, e depois passeava por contas em paraísos fiscais (sobretudo Cayman) controladas pelo departamento de propinas da Odebrecht.
De lá, os operadores da Odebrecht despachavam o dinheiro para os beneficiários ou para doleiros.
Sabe-se a identidade, até hoje, de parte da turma que recebeu propina.
É o caso clássico de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, ambos ligados ao PP; há muitos outros, naturalmente.
Contudo, a lista final de beneficiários está longe de ser conhecida.
Há três ou quatro camadas de contas secretas, em jurisdições diferentes, para se chegar a alguns dos nomes.
Existem operadores que recebiam dinheiro e, por sua vez, detinham o controle de outra camada de contas e empresas offshore - o que dificulta, ainda mais, a averiguação dos beneficiários.
O obstáculo é maior nos casos de operações com desconto em espécie no Brasil.
O esforço internacional visa a identificar os principais nomes, de pessoas ou empresas multinacionais, que ainda não apareceram nos registros bancários - mas já foram citados em depoimentos e relatórios de inteligência.
Recentemente, além da condenação de Grubisich, procuradores no Brasil ofereceram duas denúncias contra executivos, operadores da Braskem e dois dos arquitetos financeiros do esquema - Nelson Martins Ribeiro e, especialmente, José Américo Spinola.
Caso essa linha multinacional de investigação avance, procuradores terão evidências bancárias contra nomes de gente grande - e que permanecem inéditos, mesmo após tantos anos de apurações.
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