A CPI pode salvar o Brasil - Marco Antonio Villa

Jair Bolsonaro não dá qualquer esperança — nem ao doutor Pangloss — de que possa em algum momento da sua Presidência se converter a democracia e liderar, de forma republicana, o Brasil nesta crise, a mais grave da história republicana.
A cada dia deixa claro seu descompromisso com a Constituição e o Estado Democrático de Direito.
As ameaças golpistas são repetidas ad nauseam — é como fossem instrumentos naturais da democracia, apenas uma forma de agir em situação de crise política.
Se Bolsonaro permanece, em plena pandemia, solapando as instituições e em um cenário econômico dramático, nada indica, portanto, que poderá desempenhar um papel construtivo que o País necessita, como nunca nos tempos recentes, de liderança positiva, da construção de ações conjuntas entre as várias correntes políticas, governadores, prefeitos, em um trabalho de união para enfrentar a pandemia.
A vacinação em massa é indispensável para iniciarmos o processo de recuperação econômica.
Sem ela permaneceremos assistindo a morte de milhares de brasileiros e a propagação do vírus em larga escala.
Estamos em um compasso de espera extremamente nefasto ao País.
Isto porque ainda é dado a iniciativa política a Bolsonaro, apesar de todos os crimes de reponsabilidade que cometeu.
As oposições respondem ainda timidamente.
E o tempo passa enquanto avança o desastre sanitário, econômico e social.
As tímidas reações das oposições não inibem o governo. Pelo contrário, Bolsonaro fica ainda mais estimulado, fortalecido
As reações não inibem o governo.
Pelo contrário, Bolsonaro fica ainda mais estimulado, fortalecido.
Não houve ainda o entendimento que ele não age como qualquer outro ator político, democrático, quando encontra oposição.
Ele não está neste campo e, assim, suas reações não são aquelas esperadas.
É um extremista e age sempre neste contexto, de enfrentamento das instituições, de desqualificação dos adversários — que, para ele, são inimigos.
Tratar de combatê-lo da forma tradicional tem levado à paralisia institucional.
Ele, até agora, mesmo com mais de 400 mil mortos da pandemia e uma economia em frangalhos, tem vencido os embates,
pois se mantém na Presidência com os amplos poderes concedidos pela Constituição — a mesma que ele despreza.
Ou seja, a permanência — nesta conjuntura, a da mais grave crise da República — já é uma vitória.
O inicio de sua derrocada pode ser na CPI da Covid, exatamente porque é um ambiente — um locus — que ele não domina, o da democracia parlamentar, basta recordar os 28 anos como deputado.
A sorte está lançada, não para ele, mas para nós.
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