Etec cria aplicativo para estimular doação de sangue - Desenvolvido por alunos da Etec Philadelpho Gouvêa Netto, com mentoria do Google e Ideias do Futuro, app "Doe-se" incentiva prática
Diante da alta demanda dos hemocentros da Região de São José do Rio Preto, alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) Philadelpho Gouvêa Netto desenvolveram uma solução para o problema com a criação de uma ferramenta eletrônica que aproxima o doador do banco de sangue.
O aplicativo “Doe-se” tem funcionalidades que agilizam a triagem ao cruzar informações dos doadores com o estoque de sangue e foi vencedor da premiação StartUp in School, realizada pela consultoria Ideias do Futuro, em parceria com o Google e o Centro Paula Souza.
“Pela própria plataforma é possível conferir se uma pessoa está apta a doar sangue e isso dá maior rapidez e evita deslocamentos desnecessários”, explica a estudante Jhulia Braga, uma das criadoras do projeto.
Filtros para o processamento de dados comparativos do perfil de doadores permitem realizar buscas e enviar mensagens de hemocentros que estejam com estoque baixo a pessoas do tipo sanguíneo mais em falta. Além de Jhulia, compõem o grupo os alunos Davi Massaru, Gabrielle Stevanelli, João Antonio Braga, João Victor Garcia Soares e Luis Henrique Silva.
Para estruturar o projeto do app, o grupo de estudantes da Etec teve apoio do Hemocentro do Hospital de Base, instituição ligada à Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), da Beneficência Portuguesa e do Hospital de Amor (antigo Hospital do Câncer de Barretos). Por meio dessas parcerias, foram realizadas visitas técnicas, testes com usuários, banco de dados e apresentação de protótipos.
No início da pesquisa os alunos fizeram um estudo diagnóstico sobre as condições dos hemocentros. A equipe identificou, por exemplo, que as campanhas de doação seriam mais efetivas se conseguissem convencer as mesmas pessoas a doar mais vezes. O trabalho mostrou que um dos problemas dos bancos para manter seus estoques é que o doador vai uma vez e não costuma retornar. Com isso, as instituições têm sempre um retrabalho para conquistar novos doadores.
Engajar pessoas
Para contornar essa questão do retrabalho, o grupo sugeriu uma campanha de fidelização dos doadores. A iniciativa prevê a entrega de prêmios para estimular as pessoas a doarem com mais frequência. No momento, buscam parcerias com empresas do Parque Tecnológico da Região de São José Rio Preto que possam contribuir com produtos e serviços.
A regularidade nas doações é uma prática incentivada pelos hemocentros, desde que sob orientação médica. Segundo recomendação da Fundação Pró-Sangue, os homens podem fazer até quatro doações por ano, dentro de intervalos de 3 meses, e as mulheres podem fazer até 3, com intervalos de 4 meses entre uma e outra.
Outro obstáculo que também prejudica o abastecimento dos hemocentros é a falta de informação a respeito do assunto. A doação de sangue ainda é um tema cercado de mitos e estigmas que confundem e afastam possíveis doadores.
Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 1,6% da população doa sangue no Brasil. Enquanto a estimativa do órgão é que, para manter os estoques dos hemocentros, cerca de 3% a 5% da população do País precisaria fazer doações.
O app dos alunos da Etec inclui também orientação para pessoas interessadas em ser doadoras, como o perfil de quem pode doar, a periodicidade e os procedimentos necessários para o antes e depois da doação.
Criatividade e empreendedorismo
Para chegar ao formato final, o aplicativo passou por uma mentoria que os estudantes conquistaram ao vencer o Prêmio StartUp in School em 2018. A equipe participou de reuniões semanais, entre janeiro e junho, deixando o projeto pronto para ser apresentado a possíveis investidores.
Na primeira fase do processo, os jovens receberam dicas de gestão de negócios e liderança e, na segunda, se dedicaram ao desenvolvimento do software. Para o professor de Programação e Algoritmo Rafael Eloi, da Etec Philadelpho Gouvêa Netto, a mentoria foi a oportunidade para os alunos cultivarem o espírito de empreendedorismo, a proatividade e a criatividade. “O desenvolvimento dessa plataforma permitiu aos estudantes testarem na prática algumas habilidades que procuramos estimular durante as aulas”, afirma.
O briefing do prêmio sugeria a criação de um serviço ou produto capaz de solucionar um problema da comunidade. Como a cidade de São José do Rio Preto é um polo nacional, referência em atendimento médico, a demanda por sangue na região é alta.
A proposta do app é minimizar essa carência. Além da Philadelpho Gouvêa Netto, vencedora, o prêmio selecionou mais quatro Etecs como finalistas: Cubatão, Mairiporã, Lauro Gomes e Tietê.