Caixa trava financiamentos - Em setembro, Caixa aumentou para 50% o teto para financiar imóveis usados; quem iniciou o processo mas não assinou contrato até a data da mudança precisará dar entrada maior.
Caixa Econômica é o principal banco que financia a habitação no país (Foto: Marcelo Brandt/G1)
A Caixa informou ao G1 que os clientes que não assinaram o contrato até a data da mudança, 25 de setembro, independente de já terem carta de crédito aprovada, estarão enquadrados na regra nova.
Ou seja, eles precisarão aumentar o valor da entrada para não perder a compra do imóvel usado.
O Procon tem um entendimento diferente, de que “a oferta vincula o fornecedor” e recomenda que os clientes lesados busquem seu direito em um órgão de defesa do consumidor ou na Justiça .
Falta de recursos
Com cerca de 70% de participação no crédito imobiliário do país, a Caixa surpreendeu o mercado ao tomar uma série de medidas que restringiram o acesso aos financiamentos da casa própria, inclusive com recursos subsidiados (a juros mais baixos). Veja algumas medidas adotadas este ano:
- Reduziu para 50% o limite de financiamento de imóveis usados;
- Encerrou a linha pró-cotista do FGTS, a mais barata depois do Minha Casa, Minha Vida;
- Passou a adotar limites mensais na liberação do crédito imobiliário;
- Foi o único banco que não reduziu os juros neste ano diante dos cortes da taxa Selic;
- Deixou de ser o banco com as menores taxas para financiar a casa própria (veja a tabela abaixo)
Em agosto, a Caixa reduziu o limite para financiar novas unidades de 90% para 80% do valor do imóvel. Para imóveis usados, o banco fez dois cortes este ano: um primeiro em agosto, de 70% para 60%, e outro em setembro, para 50% do valor do bem.
“Todos os financiamentos, segundo aquilo que foi passado pra gente, vão perder (as condições simuladas). Não tem o que fazer. O que foi passado para o gerente é tentar direcionar o cliente para os 50% de entrada, o que é impossível”, revela um correspondente da Caixa, que falou ao G1 sob condição de anonimato.
A medida atingiu linhas que usam recursos do FGTS (Minha Casa Minha Vida e pró-cotista) e da poupança (SBPE). Na outra ponta, os principais concorrentes do banco mantiveram ou até aumentaram o teto de financiamento do imóvel, entre 80% e 90%.
O correspondente da Caixa diz que a ordem é segurar o crédito. Segundo ele, há vários processos de financiamento “prontos para serem assinados”, mas que estão parados por falta de recursos.
Financiamento travado
A decisão da Caixa de segurar o crédito imobiliário afeta diretamente os clientes que compraram imóveis novos e usados. Apesar de a regra para imóveis novos não ter mudado, compradores reclamam da demora em liberar recursos de financiamento já aprovados.
Economistas apontam que a Caixa pode ter ficado mais criteriosa na concessão dos financiamentos imobiliários para melhorar a qualidade de sua carteira crédito e reduzir o perfil de risco frente a exigências do setor bancário.
Em nota, o banco diz que, além de aumentar o valor mínimo de entrada para financiar imóveis usados, passou a estabelecer "dotação orçamentária mensal para utilização dos recursos do FGTS do Programa Minha Casa Minha Vida".
Segundo a Caixa, a estratégia serve para "cumprir o orçamento anual disponível até dezembro". "Quanto às modalidades de créditos que possuem orçamento segregado por UF, a Caixa esclarece que em alguns estados o orçamento esgotou, mas poderá ser retomado no mês de novembro”, informa.
O banco não tem recursos suficientes para cumprir regras mais rígidas do sistema financeiro que entram em vigor no ano que vem e está negociando um empréstimo de R$ 10 bilhões junto ao FGTS.
Fim do pró-cotista
Em junho, a Caixa encerrou a linha de crédito pró-cotista, a mais barata depois do Minha Casa, Minha Vida, por falta de recursos do FGTS. O banco vai reabrir a linha em 2018, mas com orçamento de R$ 5 bilhões, 35% menor que em relação a 2017.
Após a Caixa encerrar a linha, a única alternativa para financiar pelo pró-cotista é o Banco do Brasil, que cobra juros de 9% ao ano, mais a taxa referencial (TR). Nas demais linhas de crédito, o juro é maior (veja tabela abaixo).
Condições do financiamento imobiliário (nov/17)
BANCO | JUROS SFH | JUROS SFI | JUROS PRÓ-COTISTA | TETO FINANCIADO |
Caixa | a partir de 10,25% ao ano + TR | a partir de 11,25% ao ano + TR | linha esgotada | Até 80% (novos) e até 50% (usados) |
Banco do Brasil | a partir de 9,24% ao ano + TR | a partir de 10,15% a.a. mais TR | 9% ao ano + TR | Até 80% (SFH) e até 90% (pró-cotista e MCMV) |
Itaú Unibanco | a partir de 9,3% ao ano + TR | a partir de 9,9% ao ano + TR | não possui | Até 82% |
Bradesco | a partir de 9,5% ao ano + TR | a partir de 9,5% ao ano + TR | não possui | Até 80% |
Santander | a partir de 9,49% ao ano + TR | a partir de 9,99% ao ano + TR | não possui | Até 80% |