Montadoras reduzem nº de trabalhadores parados e abrem 3,5 mil vagas no ano Em 1 mês, número de funcionários com algum tipo de redução de jornada caiu a menos da metade. No ano, Ford, GM, Nissan, MAN, Renault, Toyota e Volvo contrataram.

Exportações recorde e os números positivos de vendas internas nos últimos meses têm levado as montadoras a aumentar o ritmo nas fábricas no Brasil.
Por Luciana de Oliveira, G1                                                                                                          



Para isso, funcionários que trabalhavam menos horas – e também ganhavam menos – retomaram a carga normal, e aqueles que estavam afastados temporariamente estão retornando.

O número de empregados com alguma restrição na jornada caiu a menos da metade em 2 meses. 

De 12.198 em julho para 5.831 em agosto, segundo a associação das fabricantes, a Anfavea.

Levantamento do G1 com montadoras e sindicatos aponta que:

das 5 fabricantes de veículos que aderiram ao Programa Seguro Emprego (antigo PPE), que reduz carga-horária e salários, apenas a unidade da Volkswagen em São José dos Pinhais (PR) se mantém nele;

esta fábrica e a de São Bernardo do Campo (SP), também da Volks, são as únicas que ainda possuem funcionários em lay-off (suspensão temporária de contrato);
7 montadoras abriram 3,5 mil vagas no ano, até agosto: Ford, General Motors, Nissan, Renault, MAN, Toyota e Volvo, as duas últimas do segmento de caminhões e ônibus.

Ainda assim, até agosto, a indústria continuava trabalhando com cerca da metade da capacidade, segundo a Anfavea. 

O nível de emprego é semelhante ao 2016: 107,6 mil pessoas nas fábricas de carros, caminhões e ônibus, -0,5% a menos do que 1 ano atrás.

Emprego em montadoras em setembro nos últimos anos


Volta do 3º turno
A abertura do 3º turno se tornou simbólica nas fábricas de veículos no Brasil no início da década, com os emplacamentos batendo um recorde atrás do outro até 2013.

Com a crise, todos foram encerrados, muitos deles logo em 2014. Mas os números mais animadores e o lançamento ou modernização de modelos levaram algumas montadoras a reabri-los neste ano.



Segundo o sindicato do ABC, a montadora ainda tem 678 funcionários em lay-off previsto para terminar no começo de 2018. 

Há 1 ano, a Volks afirmou que tinha um excedente de 3,6 mil trabalhadores na unidade, e fechou acordo com o sindicato para evitar cortes.

Líder em emplacamentos atualmente, a GM, dona da Chevrolet, reabriu há pouco o 3º turno na fábrica de Gravataí (RS), onde produz a “família” Onix –          o hatch é o carro mais vendido do país há 2 anos. 
Para isso, criou 700 vagas.

Em fevereiro, foi aberto o 3º turno na fábrica da Ford em Camaçari (BA), onde é feito o EcoSport, recentemente reestilizado, e o Ka / Ka+ (sedã). Os 780 funcionários afastados temporariamente em 2016 retornaram e outros 172 foram contratados neste ano, de acordo com o sindicato local.

Por outro lado, na outra fábrica, em São Bernardo do Campo, a montadora anunciou corte de 384 trabalhadores em agosto. 

Depois, readmitiu 80 e abriu um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para os demais; não foi divulgado quantos aderiram.

Mais contratações
A Renault contratou 700 trabalhadores em abril, para abertura do 3º turno em São José dos Pinhais (PR), visando o lançamento do hatch Kwid

Outras 600 vagas complementares foram preenchidas em junho.

Ainda no Paraná, a Volvo contratou cerca de 130 trabalhadores neste ano, com aumento da produção de caminhões e ônibus, informa o sindicato da região. 

No ano passado, 600 tinham deixado a fábrica, a maioria por demissão voluntária.

Em julho, a Nissan estreou o 2º turno da fábrica de Resende (RJ), criando 600 vagas para a produção nacional do SUV Kicks. 

A montadora também não tinha funcionários afastados na fábrica inaugurada em 2014.

Outra que contratou na região foi a MAN, marca de caminhões que pertence ao grupo Volkswagen. 

Foram abertas 300 vagas em Resende, sendo 100 no centro de atendimento a clientes e 200 na fábrica que ainda opera em 1 turno, mas já tem hora extra e não dará férias coletivas. 

A montadora deixou o PSE em julho.

A Toyota abriu 300 novos postos de trabalho na fábrica de Sorocaba (SP), que receberá um novo modelo, o Yaris. 

E ainda prevê mais 200 para a unidade de Porto Feliz (SP), onde fabrica motores para Etios e Corolla, até o fim do ano. 

Ambas operam em 2 turnos - a montadora nunca teve um terceiro nessas fábricas.

Fim da redução de jornada
O PSE, inicialmente chamado de Programa de Proteção ao Emprego (PPE), foi criado pelo governo em 2015, em meio a ameaças de demissões por parte das montadoras diante da forte baixa nas vendas.

Ele não foi exclusivo para o setor automotivo, mas a maioria das empresas que aderiu pertencia a ele. Chegou a reunir cerca de 30 mil funcionários de montadoras no primeiro ano. O programa mudou de nome em dezembro passado e continua disponível até o fim do ano.

Além da unidade da Anchieta, a Volkswagen também encerrou recentemente o PSE em Taubaté (SP), segundo o sindicato local.

Na fábrica de São José dos Pinhais (PR), o sindicato afirma que um acordo com a montadora prevê estabilidade de emprego por 5 anos e a produção de novos veículos, previstos para 2019.

Enquanto esperam esse reaquecimento, 30% dos funcionários seguem com jornada e salários reduzidos, ainda segundo os representantes dos metalúrgicos. E outros 800 estão em lay-off até março. A medida será adotava para duas novas turmas no ano que vem.

A fábrica opera em apenas 1 turno desde maio. Lá são produzidos Fox e Golf, além do Audi A3 Sedan e do Q3. O Programa de Demissão Voluntária (PDV), que já teve a adesão de cerca de 300 funcionários no ano passado, também foi reaberto, também de acordo com o sindicato.

Outra que aderiu ao PSE, a Yamaha deixou o programa ainda em junho do ano passado. A fábrica de motos em Manaus continua operando em 1 turno.

Demissões questionadas
A Mercedes-Benz já havia terminado seu 2º período no programa em maio de 2016. 

Há 1 ano, ela cortou 1.400 vagas na fábrica de São Bernardo do Campo, de caminhões e ônibus: 1.047 pessoas aderiram a um PDV e outras 370 foram demitidas. 

A medida está sendo questionada pelo Ministério Público.

As 3 fábricas da Mercedes, incluindo a de carros, em Iracemápolis (SP), e outra de caminhões e ônibus, em Juiz de Fora (MG), operam em 1 turno.

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