Retiradas de investimentos da poupança e do Tesouro Direto atingiram o maior nível dos últimos três anos

Desde 2014, os resgates do Tesouro triplicaram e os saques da poupança superaram as aplicações em R$ 40 bilhões. O fluxo negativo representa muito bem um cenário de crise econômica e desemprego, em que sobra cada vez menos dinheiro para investir. Agora, o governo deve reduzir o juro pago pelo Tesouro Direto e já tem gente preocupada com o destino desse investimento.

Por Renata Colombo
Pra quem nunca foi adepto de deixar dinheiro debaixo do colchão, mas tinha uma 'sobrinha' pra guardar, a poupança era o melhor destino: rendia pouco, mas de um jeito seguro.

Só que quando a inflação começou a subir, o cenário mudou: o 'cofrinho' dos brasileiros passou a dar prejuízo. Isso tudo, aliado à crise econômica, levou a um saque recorde da poupança: nos últimos dois anos se retirou mais do que aplicou, tanto que o saldo de 2016 foi negativo em R$ 40 bilhões.

Quem ainda tem algum dinheiro sobrando fez seu cofrinho no Tesouro Direto, a compra de títulos do governo: o rendimento é baseado na taxa básica de juros, que vinha nas alturas até o ano passado, rendendo até 14%.

Mas os saques também aumentaram: os brasileiros resgataram do tesouro direto no ano passado o triplo do retirado em 2014. O saque anual subiu dos R$ 2,4 bilhões para os R$ 7,6 bilhões.

Uma tendência que pode continuar se as previsões do governo se confirmarem: a equipe econômica quer levar a Selic a um dígito até o fim do ano, o que assustou os investidores felizes.

A avaliação do professor do laboratório de finanças da Fia, Alexandre Cabral, é que o tesouro tanto não vai acabar que lançou novos pacotes de investimento a longo prazo esta semana. 

Por outro lado, o rendimento deve cair mesmo. 

Mas o impacto vai ser o mesmo em outros fundos de renda fixa.

'Se você for investir até R$ 30 mil, o Tesouro Direto continua muito melhor. Se o investimento for por volta de R$ 50 mil, o Tesouro Selic dá retorno maior que a renda fixa', explica Alexandre.

E a verdade é que quem tira dinheiro da poupança e do tesouro direto dificilmente vai aplicar em outro lugar. 

Para o economista André Perfeito, o pano de fundo desta movimentação é a crise e o desemprego. O investidor que resgatou seus rendimentos precisou do dinheiro mesmo para usar.

Ele comenta que 'estamos num momento de 'desalavancagem', ou seja, pegando recursos líquidos para honrar as dívidas e ficarmos leve. Depois este dinheiro vai chegar no consumo'.

Para os especialistas, num futuro não tão próximo pode ser que os investimentos sofram uma migração.

Mas isso deve começar só a partir do ano que vem. 

Uma possibilidade é apostar em fundos de
multimercado, que mesclam rendimentos com base em juros, moedas e ações. 

Isso, claro, pra quem tiver dinheiro pra investir.
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