Banda Sinfônica do Estado de SP - Músicos protestam contra encerramento - Governo paulista diz não ter recursos para pagar os profissionais. Banda existe há 27 anos.

Músicos da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo protestaram na Avenida Paulista neste domingo (5) contra o encerramento do grupo
Por G1 São Paulo

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que eles serão demitidos na próxima quinta-feira (9) porque a secretaria Estadual de Cultura diz não ter recursos no orçamento para pagar os profissionais. 

O protesto ocorreu em frente ao Masp e os músicos tocaram e empunharam cartazes contra a decisão do governo. 

"Se o governador anuncia superávit de mais de R$ 1,5 bilhões por que acabar com 27 anos da Banda Sinfônica? A arte é o que nos diferencia dos animais irracionais", dizia um dos cartazes. 

O secretário Estadual da Cultura José Roberto Sadek, disse que a Jazz Sinfônica e a Orquestra do Theatro São Pedro continuam funcionando normalmente.

“A banda não deixou de existir, ela só não está contratada pelo estado.

Na medida que a gente conseguir algum recurso extra, a gente volta a tentar chamar a banda. 

É uma questão de gestão cultural muito difícil. Mas é função da gente fazer o melhor possível com que a gente tem”, disse ele. 

Neste sábado (4), os músicos se reuniram com o sindicato dos músicos. 

Marcelo Jesus da Silva toca trombone e diz que “dá um vazio muito grande, uma interrogação gigantesca, pois fiz tudo necessário para estar num lugar, desempenhei, e de repente não vou ter mais a banda”, disse. 

A banda sinfônica tem quase 30 anos de existência e já teve mais de 80 músicos. 

Em um ano e meio, encolheu para 65. E, agora, os músicos vão ser demitidos. 

Marcos Sadao Shirakawa, regente da banda, se disse muito triste com a decisão. 

“São os músicos que perdem, são os compositores que perdem, o público que perde e os jovens que sonham em chegar na anda perdem”, diz. 

O Instituto Pensarte, organização social da Cultura que recebesse o dinheiro repassado pela secretaria estadual e contrata os músicos, diz que vai receber do estado R$ 17 milhões neste ano e que tem que administrar, além da banda, o Theatro São Pedro, a Orquestra do Theatro e também a jazz sinfônica.

A secretaria da Cultura diz que o gasto com salários dos músicos da Banda Sinfônica é de R$ 7 milhões e que este dinheiro garante a manutenção de 140 polos e 15 mil vagas do projeto Guri, que dá aulas de graça de iniciação musical para 53 mil crianças e jovens no estado. 

Verbas
A banda havia conseguido o comprometimento dos deputados estaduais sobre um recurso que garantiria sua sobrevida por alguns meses, mas o Governo do Estado de São Paulo congelou o auxílio.

Em nota, a Secretaria da Cultura confirmou que “o dinheiro não foi liberado para a Banda Sinfônica devido a um decreto que estabelece normas para o uso de verbas pelo Governo do Estado”. 

A Secretaria disse ainda que estuda a possibilidade de manter a Banda Sinfônica. 

Em dezembro 2016, os músicos souberam que a banda acabaria a partir de janeiro de 2017 por decisão da Secretaria de Estado da Cultura. 

Na ocasião, a Secretaria disse que ainda aguardava votação do orçamento da Pasta pela Assembleia Legislativa para avaliar se mudanças serão necessárias nos equipamentos e programas. 

Os integrantes da banda, então, se manifestaram nas redes sociais por meio da página no Facebook chamada “SOS Banda Sinfônica” com o uso da hashtag #somostodosbandasinfonicasp

por meio de petições online que colheram milhares de assinaturas em favor da sua permanência e manifestações na região central da cidade com apresentações improvisadas. 

O grupo conseguiu uma emenda parlamentar de R$ 5 milhões, após aprovação por dois terços da câmara, que seriam suficientes para manter a banda por alguns meses. 

Entretanto, de acordo com a Banda Sinfônica, o Governo do Estado intercedeu contra sua sobrevivência. 

“A Banda ficou ciente hoje, em reunião com o secretário José Roberto Sadek, de que o dinheiro da emenda se encontra em contingência decretada pelo governador (Ou seja: está “congelada”)”, explicaram nas redes sociais. 

Ao longo de seus 27 anos de existência, o conjunto se tornou a mais respeitada banda sinfônica da América Latina devido à excelência de seu repertório próprio e à versatilidade de seus artistas. 

Ao longo de sua trajetória, o público teve a oportunidade de ouvir gratuitamente ou a preços populares a formação musical em que predominam instrumentos de sopro e percussão regidos por um maestro.

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