Setor automotivo quer maior flexibilidade trabalhista, diz novo presidente da Anfavea


SÃO PAULO (Reuters) - O setor automotivo vai defender maior flexibilização das leis trabalhistas no Brasil para evitar um número ainda maior de demissões, disse o novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Antonio Megale.


Megale, 59, que assumiu a presidência da Anfavea nesta segunda-feira, disse que vai pleitear que o governo federal adote mecanismos mais perenes de manutenção do emprego, como o uso do Programa de Proteção ao Emprego(PPE)em momentos de crise e a formalização de mecanismos que garantam a supremacia de acordos entre patrões e empregados sobre leis trabalhistas.

"Estamos muito preocupados em manter o nível de emprego e evitar novas demissões, também porque temos uma mão-de-obra especializada é não é bom perdermos esses profissionais", disse ele a jornalistas nesta segunda-feira.

O número de trabalhadores na indústria automotiva brasileira caiu 17,4 por cento, desde o fim de 2014 até o mês passado, para 128,5 mil.

Segundo a Anfavea, cerca de 39 mil empregados do setor estão com o contrato de trabalho temporariamente suspenso (layoff) ou protegidos pelo PPE, que permite às empresas reduzir em até 30 por cento os custos com salários em troca da manutenção do emprego.

Criado no ano passado pelo governo federal, o PPE tem duração prevista até o final deste ano.

Mesmo com a redução de pessoal, a entidade diz que o nível de ociosidade na indústria é de cerca de 50 por cento na produção de automóveis e de 80 por cento na de caminhões.

Um dos setores que mais se beneficiou do ciclo de crescimento da economia brasileira na década passada, a indústria automobilística tem sido também uma das que sentem mais intensamente a desaceleração do país.

 O setor ruma para o quarto ano consecutivo de queda nas vendas e o terceiro de recuo na produção, atingindo níveis de uma década atrás.

REVERSÃO?
Para Megale, no entanto, tanto a economia do país quanto o setor podem começar a ver uma recuperação já no final deste ano, uma vez que se chegue a um desfecho da crise política.

Mas ele descartou que já estejam havendo conversas com representantes do governo da presidente Dilma Rousseff, que enfrenta um processo de impeachment, ou do vice-presidente Michel Temer para apresentar pleitos do setor.

Em outra frente, as fabricantes de veículos devem registrar um forte aumento das vendas para o exterior, favorecidas pela desvalorização do real frente ao dólar e da abertura de novos mercados internacionais.

"Já exportamos cerca de 900 mil veículos por ano e atualmente estamos em cerca de 400 mil", disse o executivo.

 "É óbvio que podemos crescer."

Megale citou como mercados promissores a Argentina, principal comprador estrangeiro de veículos produzidos aqui.

O executivo mostrou-se confiante de que um novo acordo automotivo entre os dois países seja selado em junho, possivelmente com duração maior do que um ano.

O presidente da Anfavea também citou negociações bilaterais com países como Peru e Irã, além de conversas mais preliminares para exportação de veículos brasileiros para nações da África e da Ásia.

(Por Aluisio Alves, edição Alberto Alerigi Jr. e Raquel Stenzel)

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