'Não precisa ter cargo', diz Alckmin de PSDB em eventual governo Temer

Governador diz concordar com apoio do partido, caso Dilma deixe presidência.
No sábado (23), senador José Serra publicou posição contrária no Facebook

 

Adriano Oliveira e Felipe Turioni
 Do G1 Ribeirão e Franca
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, faz discurso durante a abertura da Agrishow em Ribeirão Preto (Foto: Adriano Oliveira/G1)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, discursa na abertura da Agrishow  (Foto: Adriano Oliveira/G1)

 O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (25) que é contra a nomeação de membros do partido para o primeiro escalão em um eventual governo de Michel Temer (PMDB), caso o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) seja aprovado.

 
“Completando o processo de afastamento no Senado, e assumindo o vice-presidente, temos a responsabilidade de ajudar.

 Então, é nosso dever apoiar. 

Agora, não precisamos ter pasta e nem cargo para poder fazer isso. Sou contra a nomeação de ministros, já externei isso”, disse.

A opinião de Alckmin contrasta com a do senador José Serra (PSDB) que defendeu, no último sábado (23), a participação da legenda no possível governo de Michel Temer. 

A declaração do tucano foi publicada em sua página no Facebook.

"Se o futuro presidente Michel Temer aceitar os pontos programáticos do PSDB, o partido deve apoiar o governo.

 E se apoiar o governo e for convidado, deve participar do governo", escreveu José Serra.

Ainda segundo Alckmin, o PSDB deve discutir internamente de que forma ocorrerá esse apoio ao vice-presidente, destacando que um novo governo precisará de sustentação política e apoio parlamentar para aprovar novas medidas na Câmara e no Senado.

“Eu acho que é uma unanimidade: todos devemos ajudar. É um período difícil para o país, precisa ter base parlamentar, precisa fazer reformas. 

Se vai participar com quadros no ministério, ou não vai, é uma questão menor. Cabe ao partido discutí-la depois”, afirmou.

Fraude na merenda
 
Ainda nesta segunda, durante o lançamento da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), Alckmin negou que a base governista esteja impedindo as investigações sobre a fraude da merenda na Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).


Matéria publicada pelo G1 aponta que apenas uma das quatro reuniões da comissão em 2016 teve quorum suficiente, e os deputados deixaram de deliberar sobre vários temas na pauta relativos à investigação.

Entre os requerimentos a serem aprovados estão a convocação do ex-secretário da Educação, Herman Voorwald, e do ex-chefe de gabinete da secretaria, Fernando Padula, citados em delações como receptores de propina.

 Ambos negam as acusações.

"A Assembleia tem total autonomia e isto está sendo investigado pela Polícia Civil, pelo Ministério Público, e quem mais quiser investigar", afirmou o governador, destacando mais uma vez que o estado foi "vítima" do esquema que fraudava licitações.

"O governo é vítima, foi o governo que descobriu. 

A licitação foi feita, teve disputa, ganhou o menor preço e o produto foi entregue.

 Agora, acontece que a cooperativa usava o nome dos pequenos agricultores para ela se beneficiar", disse.

Sobre o envolvimento de nomes do primeiro escalão do governo paulista nas investigações das fraudes, Alckmin voltou a defender punição. 

"Isso ocorreu em seis estados, em mais de duas dezenas de municípios, então a polícia está de parabéns e é punição exemplar", disse.

Protesto
Pelo segundo ano, o governador de São Paulo teve o discurso na Agrishow interrompido por professores reivindicando melhores salários.


 Os docentes também pediram a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Alesp, para investigar a fraude da merenda.

Isso porque, o atual presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo paulista, Luiz Roberto dos Santos, o Moita, também foram citados como beneficiários de esquema de fraude. 

Ambos negam as acusações.

Com cartazes em mãos, dois professores interromperam a fala de Alckmin gritando:

 "os professores estão há dois anos sem reposição salarial, governador". 

O ato foi vaiado pelos participantes e o governador não se pronunciou sobre o caso.

"Reivindicamos condições de trabalho e a CPI da merenda que até agora ele não deixa aprovar.

 Mandamos ofício e ainda não recebemos resposta. 

Como querem um país desenvolvido sendo que as escolas estão sucateadas?", afirmou o professor Fábio Sardinha.

Manifestantes em Ribeirão Preto, SP, protestam contra a fraude na merenda e por reajuste salarial dos professores (Foto: Adriano Oliveira/G1)
Manifestantes em Ribeirão Preto, SP, protestam contra a fraude na merenda e por reajuste salarial dos professores (Foto: Adriano Oliveira/G1)

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