mercado imobiliário - Carta Capital: Desemprego e inflação derrubam o mercado imobiliário
Comparada ao mesmo
mês do ano passado, com 4,1 mil unidades lançadas, a redução foi de
75%. [...] Em setembro, os empréstimos para aquisição e construção de
imóveis alcançaram o menor volume mensal desde fevereiro de 2012, o que
representa uma queda de 8% em relação a agosto e 47% inferior em
comparação anual
Desemprego e inflação em alta têm prejudicado o mercado
imobiliário. As construtoras têm sentido o consumidor retraído e se focam na
venda de imóveis já prontos e reduzem o volume de lançamentos.
De acordo com os mais recentes dados da Empresa Brasileira de Estudos de
Patrimônio (Embraesp), em setembro foram lançadas pouco mais de 1 mil unidades
residenciais na cidade de São Paulo, 40% menos em relação ao mês de agosto,
quando houve o lançamento de 1,7 mil unidades. Comparada ao mesmo mês do ano
passado, com 4,1 mil unidades lançadas, a redução foi de 75%. Com 417 unidades,
os imóveis de um dormitório responderam por quase 40% do total de lançamentos
no período.
Um termômetro pode ser visto
em São Paulo. De janeiro a setembro, o preço de venda dos imóveis em
20 cidades brasileiras teve uma queda real de 6,5% em 2015.
Reação em cadeia
A desaceleração tem sido sentida em outros elos da cadeia. Dados da
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) indicam
que as vendas de materiais de construção caíram 18% em outubro na comparação
anual. Para 2015, a previsão da entidade é de retração de 9% em relação ao ano
passado, quando o recuo foi de 5,9%. “A redução das reformas em função do
aumento do desemprego, a queda na renda das famílias e o adiamento de
investimentos devido à desaceleração da economia prejudicam fortemente a
indústria e inibem investimentos”, afirma o presidente da Abramat, Walter
Cover.
Futuro nebuloso
Uma incerteza sobre o setor é a velocidade em que se dará a
retomada da economia brasileira. A conjuntura dos últimos 12 anos contribuiu
para o segmento ter tido forte expansão. Em 2004, o desemprego estava em 11,5%,
caindo para 5,4% em 2013, enquanto o rendimento médio subiu de 1,6 mil reais
para 2,2 mil reais. Já a inflação anual entre 1995 e 2002 ficou em 9,2% ao ano,
recuando para 5,9% entre 2003 e 2013. Agora, com desemprego e juros em alta, o
futuro pode se tornar nebuloso.
Um dos pontos a desatar nos próximos anos são os recursos para financiar
os imóveis de mercado, em que não há subsídio do governo, voltado para as
habitações de baixa renda. Já há discussões no momento entre governo, bancos e
construtoras para estudar as alternativas para os próximos anos. A alta dos
juros reduziu os recursos da caderneta de poupança, principal financiador do
setor imobiliário, tornando escasso o financiamento para algumas linhas de
crédito habitacional, enquanto os bancos estão já com grande parte do dinheiro
liberado da caderneta de poupança empenhado em financiamentos. “A taxa de juros
é um elemento muito importante nessa equação, se ela voltar para a casa um
dígito isso estimularia as operações, e a discussão sobre o financiamento perde
relevância, porque se pode captar pelo mercado”, observa Rezende, da Caixa. Até
setembro a tradicional caderneta acumulava retirada líquida de 53,8 bilhões de
reais.
Queda de 47%
Em setembro, os empréstimos para aquisição e construção de
imóveis alcançaram o menor volume mensal desde fevereiro de
2012, o que representa uma queda de 8% em relação a agosto e 47% inferior em
comparação anual. O desempenho tem sido ruim nas operações para construção de
imóveis, que têm sofrido com uma demanda cada vez mais baixa das incorporadoras
por lançar novos empreendimentos imobiliários.
(Carta Capital - Especiais - Infraestrutura - 07/12/2015)