carcinoma epidermóide é uma neoplasia maligna .....

RESUMO
O carcinoma epidermóide é a neoplasia maligna mais comum de cavidade oral e estruturas adjacentes. Apresenta maior incidência no gênero masculino, após a quarta década de vida, e tem como principais fatores etiológicos os usos crônicos de tabaco e álcool. Neste trabalho é relatado um caso de carcinoma de células escamosas do rebordo alveolar inferior, que não é uma região preferencial para esse tipo de patologia. Também é discutida a importância do cirurgião-dentista na equipe de profissionais que assiste esses pacientes, tanto no diagnóstico precoce quanto no manejo das alterações estomatológicas advindas da terapia antineoplásica.


O carcinoma epidermóide, também denominado carcinoma de células escamosas ou carcinoma espinocelular (CEC), representa aproximadamente 90% das neoplasias malignas da boca e cerca de 38% dos tumores de cabeça e pescoço(6, 8, 19, 20).
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA)(12), estimou-se que no ano de 2005 ocorreriam em torno de 13 mil novos casos de câncer de cavidade bucal. É considerado o oitavo tumor mais prevalente entre os homens e o nono entre as mulheres.
Cerca de 75% dos casos de CEC oral ocorrem na faixa etária dos 40 anos, com predomínio do gênero masculino numa relação de 2:1(6, 18, 19). Entretanto, a incidência dessa patologia em mulheres tem aumentado nos últimos anos, provavelmente pela disseminação entre elas do hábito de fumar(18, 20).
Os fatores etiológicos mais comumente associados ao CEC são consumo crônico de tabaco e álcool, exposição prolongada à radiação ultravioleta (CEC de lábio), infecções virais (principalmente pelo papilomavírus humano [HPV]), deficiências nutricionais e hereditariedade(5, 7, 8, 16, 18, 20).
O tabaco e o álcool têm sido apontados como seus principais agentes causadores, pois apresentam efeito sinérgico, agindo, respectivamente, como iniciadores e promotores da carcinogênese(19). O risco de indivíduos fumantes desenvolverem CEC oral é proporcional à quantidade e ao tempo de uso do cigarro. Além disso, os efeitos do álcool no organismo resultam da sua propriedade de irritar a mucosa e da sua capacidade de atuar como solvente de carcinógenos, especialmente os existentes no tabaco(18).
Clinicamente a lesão inicial pode se apresentar como uma alteração leucoplásica ou eritroleucoplásica. Com sua evolução, ocorre crescimento exofítico ou endofítico, de base endurecida e áreas de necrose(8, 16). Em casos mais avançados, quando atinge tecido ósseo subjacente, o exame radiográfico poderá mostrar área radiolúcida com margens mal definidas e aspecto de roído de traça(16, 18).
O diagnóstico definitivo deve ser realizado através de exame anatomopatológico, uma vez que pode se confundir com algumas enfermidades de manifestações bucais, como tuberculose, sífilis e paracoccidioidomicose(18).
Sob o ponto de vista histopatológico, os tumores bem diferenciados mostram ninhos, colunas e cordões de células oriundas do epitélio pavimentoso; pleomorfismo celular e nucelar; hipercromatismo nuclear; mitoses atípicas em pequeno número; formação de pérolas de ceratina e invasão subepitelial. Nos casos mais indiferenciados, a semelhança com o epitélio pavimentoso é menos acentuada, apresentando menor ceratinização e maior número de mitoses atípicas(16, 18, 20). É possível também encontrar resposta inflamatória significativa com linfócitos, plasmócitos e macrófagos(18).
Em relação ao prognóstico, vários fatores devem ser considerados: graduação histopatológica e localização anatômica do tumor, idade avançada, estado de saúde geral e do sistema imunológico do paciente(3, 6, 14, 18, 19).
A escolha do tipo de tratamento (cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia) está relacionada ao estadiamento clínico e ao grau de diferenciação histopatológico do tumor(3).


Filipe Ivan DanielI; Rodrigo GranatoII; Liliane Janete GrandoIII; Sônia Maria Lückmann FabroIV
IEspecialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia; estagiário do Ambulatório de Estomatologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
IIResidente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário da UFSC
IIIDoutora; professora de Patologia Bucal da UFSC e do Ambulatório de Estomatologia do Hospital Universitário da UFSC
IVMestre; professora de Patologia Geral da UFSC e do Ambulatório de Estomatologia do Hospital Universitário da UFSC

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