Brasil entra em recessão

Resultado de imagem para jornal nacionalPIB do Brasil recua 1,9% no segundo trimestre e país entra em recessão



O Brasil está oficialmente em recessão. O produto interno bruto, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, recuou 1,9%, no segundo trimestre. Essa foi a segunda queda seguida do PIB trimestral. E a maior desde o primeiro trimestre de 2009. Números que mexem com a vida dos brasileiros.
Quinta-feira, 27 de agosto, 9h. Estação Central do Brasil.
“Meu salário foi achatado. Comprei umaBANCA e passei a vender jornais”, disse um aposentado.
“Na minha idade agora tá muito difícil conseguir emprego. Tô atrás de emprego já faz tempo, não consigo”, contou a cuidadora de idosos Lucinéia Campos.
De que forma essas histórias que se cruzam podem antecipar números da economia?
“Tem muito tempo que eu tô entregando currículo, e nada, e quando aparece alguma coisa é sempre sem carteira assinada - e pro futuro isso é ruim”, afirmou Pamela de Jesus, que é caixa de loja, mas está desempregada.
E por que o marido da Maristela também resolveu investir num novo negócio?
“Ele ficou desempregado e resolveu aplicar o dinheiro comprando um caminhão. Ele queria ter dois, três caminhões mas não está dando, nem pra pagar esse. Vai ter que devolver o caminhão”, lamentou Maristela.
O que explica tanta gente mudando de profissão?
“A clientela em vez de comprar um medicamento pra gripe que custa R$ 16 ou R$ 20, ele tá comprando medicamento de R$ 2. Vou ter que demitir hoje dois e amanhã mais dois”, disse Fernando Fernandes.
Sexta-feira, 28 de agosto, Centro do Rio de Janeiro, prédio do IBGE. Sala lotada para um anúncio muito aguardado. Cada repórter só pode olhar o papel às 9h, ao mesmo tempo. E todo mundo quer dar a notícia primeiro: qual o resultado do PIB no último trimestre?
Os números apresentados traduzem a realidade e podem ajudar a apontar novos caminhos. Eles são como peças de um quebra-cabeça que, montado, revela o atual estado da nossa economia.
Em relação ao primeiro trimestre do 2015, o consumo do governo subiu 0,7%. Já o consumo das famílias caiu 2,1%. Os investimentos que os empresários fazem em suas indústrias caíram 8,1%. Essa peça em especial é importante porque ela é como uma janela para o futuro. Quando os empresários param de investir, a nossa perspectiva de crescimento diminui.
“Os empresários não veem perspectiva de demanda a curto e médio prazo. No momento que eles conseguirem enxergar que existe demanda à frente, eles vão voltar a investir”, afirmou o economista Regis Bonelli.
O setor de serviços encolheu 0,7%. A indústria encolheu 4,3%. E a agropecuária, menos 2,7%. E com a moeda desvalorizada, as exportações cresceram 3,4% e as importações recuaram 8,8%. Juntando as peças desse quebra-cabeça, uma queda de 1,9%.
Pelo segundo trimestre consecutivo, o Brasil está em recessão.
“As consequências práticas é que o nível de emprego diminui, as pessoas consomem menos e as empresas investem menos. Eu acho que não existe saída fácil, não existe remédio que não seja amargo pra esta situação”, declarou Regis Bonelli.
Saída, cada um tem a sua.
“O meu marido foi demitido. Eu também estou sem emprego. Resolvemos investir na nossa área, que é de alimentação. Aí nós estamos trabalhando com eventos, festas e fornecemos alimentos congelados”, contou Andréa Oliveira.
“Meu salário não teve muito crescimento ao decorrer do ano, não teve. Mas o que acontece? Hoje eu tenho um táxi paralelo. Outra renda paralela. Eu não posso viver só do meu salário”, disse Wallace Pereira, que é vigilante e tem um táxi.
Enquanto isso, o trem corre nos trilhos da Central do Brasil.

O resultado do PIB do Brasil repercutiu entre políticos e empresários. A Federação das Indústrias de São Paulo afirmou que o ministro da Fazenda tem errado na condução da política econômica, e que aumentar impostos e juros só piora a recessão e o desemprego.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, disse que os números traduzem o que ele considerada ser um desastreECONÔMICO em curso no país e representam as dificuldades que os brasileiros estão enfrentando no dia a dia.
A presidente Dilma Rousseff não comentou o resultado do PIB, mas em um discurso no Ceará para entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida, ela repetiu que o país vai voltar a crescer.
“Nós vamos ter clareza de afirmar, não só que o Brasil é um país forte, que vai crescer, vai superar as dificuldades que tem que são momentâneas, mas também que nós temos muito o que preservar. Nós conquistamos muita coisa. Não vamos deixar haver retrocesso nesse país”, declarou a presidente Dilma.