Rodoanel - Construção do Trecho Leste muda vida de trabalhadores


Além do concreto e da tecnologia, há o lado humano de quem participa de uma das maiores obras da história
Cibelli Marthos
De Suzano
Dat
Prestes a ser concluída, a construção do Trecho Leste do Rodoanel Mário Covas, uma das maiores já feitas na América Latina, reserva em sua história não apenas grandes equipamentos e tecnologias empregadas em sua execução, mas também funcionários que dedicam seus esforços para que o anel viário deixe de ser um projeto e passe a ser realidade. Enquanto alguns, mesmo residindo no Alto Tietê, mudaram suas vidas com a oportunidade de trabalhar na obra, outros deixaram suas famílias em cidades fora do Estado para se dedicar a nova estrada. Há ainda quem veja o Rodoanel como a maior oportunidade profissional da vida. 
Seis dos mais de 6,5 mil operários do Trecho Leste, que corta as cidades de Suzano, Poá, Itaquaquecetuba, Arujá, Ribeirão Pires e Mauá, conversaram com o Dat durante esta semana e comentaram sobre a emoção, os desafios, os sonhos e o orgulho de participar da construção da nova estrada, que deve ser parcialmente entregue na primeira semana de maio pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Com 29 anos e sem a visão em um dos olhos em função de um acidente aos 17, Maicon Alexandre Zonotel trabalha há pouco mais de um ano na obra do Rodoanel como armador na Fábrica de Vigas, localizada na avenida Jorge Bey Maluf, em Suzano. Promovido de ajudante geral para sua atual função, ele é responsável por fazer a montagem das formas que receberão o concreto e, posteriormente, resultarão nas vigas de sustentação utilizadas em vários trechos do anel viário.

"Eu estava desemprego no início do ano passado, foi quando um dia eu estava andando pela Vila Maluf e vi a Fábrica de Vigas. Como sempre trabalhei com obra e em indústrias metalúrgicas, achei que seria uma oportunidade boa. No mesmo dia deixei meu currículo e consegui ser contratado como ajudante geral", explicou Zonotel, que após um ano no emprego já conseguiu uma colocação para a esposa na mesma frente de trabalho, onde ela atua como ajudante de cozinha no refeitório da Fábrica de Vigas.

"O Rodoanel me ajudou muito. Eu morava em Limeira e voltei para Suzano há quatro anos. Depois da mudança, consegui me firmar na cidade, consegui o emprego aqui e minha mulher também. Tenho orgulho de trabalhar em uma obra que vai mudar muito a nossa região e que sem dúvida me abrirá muitas outras portas depois que eu sair daqui", completou o armador, que até o final deste ano pretende comprar um terreno no Jardim Revista, em Suzano, e construir sua casa própria.


Sonho
Assim como o colega de trabalho, o engenheiro ambiental Felipe Reis Genésio, 25, mesmo tendo formação superior e um cargo de maior responsabilidade, também vê a oportunidade de trabalhar na construção do anel viário como um "trampolim" para novas conquistas em sua área de atuação.
Genésio trabalha no setor de controle ambiental da obra e supervisiona serviços como gerenciamento de resíduos e emissão de poeira em todas as frentes de construção do Rodoanel. "Trabalhar em uma obra desse porte é um sonho de criança, é uma escola para todos nós. Os desafios são muitos, já que estamos construindo uma estrada que corta várias cidades, regiões de vegetação, entre outras dificuldades, mas vale muito a pena", destacou o engenheiro, que acumula muita responsabilidade, apesar da pouca idade.

Segundo ele, a expectativa agora é ver o projeto concluído após dois anos de trabalho. "É uma grande experiência acompanhar todas as etapas. Estou ansioso para ver a estrada pronta, até porque acho que essa será a última oportunidade de trabalhar em um projeto grande assim, com todas as tecnologias que foram empregadas no Rodoanel", opinou.

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