JUNJI ABE - Nada evoluirá sem que haja tempo para o professor ensinar e o aluno aprender"

Falta de período integral prejudica qualidade
É opinião de Junji, ao voltar a cobrar agilidade na implantação da medida que, segundo Plano Nacional da Educação, atingirá só 50% das escolas públicas em dez anos
19/05/2011Enviar por e-mailVersão para Impressãoacessos
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Junji: “Concordo com tudo o que foi dito, mas nada evoluirá sem que haja tempo para o professor ensinar e o aluno aprender"
 
Por maior e justa que seja a remuneração dos educadores, por mais eficiente que seja o corpo docente, por melhor que seja conteúdo curricular, por mais funcionais e modernas que sejam as instalações escolares e por mais competente que sejam os gestores do sistema público de ensino, a perseguida qualidade da educação ficará comprometida enquanto as escolas não funcionarem em período integral. Esta é a opinião do deputado federal Junji Abe (DEM-SP) que detalhou seu ponto de vista durante audiência pública da Comissão Especial criada com o objetivo de analisar o PNE – Plano Nacional da Educação para o decênio 2011-2020, como prevê o projeto de Lei (nº 8035/2010), de autoria do governo federal.

Presidida pelo deputado Gastão Vieira (PMD-MA), a Comissão Especial promoveu duas palestras com renomados educadores que discorreram sobre o tema “A Educação Brasileira e seus Desafios”. José Francisco Soares e Simon Schwarstman pontuaram medidas necessárias para elevar a qualidade do ensino de maneira geral. “Concordo com tudo o que foi dito, mas nada evoluirá sem que haja tempo para o professor ensinar e o aluno aprender. Daí, a urgência da implantação do período integral nas escolas”, insistiu Junji, com o respaldo de muitos parlamentares presentes à audiência realizada nesta quarta-feira (18/05/11).

O projeto do governo que trata do PNE 2011-2020 estipula como meta a implantação do período integral em 50% das escolas públicas até 2020. “É muito pouco. A medida é importante demais para avançar de forma tão lenta”, criticou o deputado. Ele citou que a média nacional de escolas funcionando em período integral gira em torno de 5%. Considerando somente as regiões Sul e Sudeste, o percentual não ultrapassa 10%. “Mas, não pode demorar dez anos para atender só metade”.

Com o período integral, evidenciou o deputado, os educadores e o conteúdo curricular passam a ter o tempo de aulas como aliado do processo de aprendizagem. “Os alunos também desenvolvem atividades artístico-culturais, praticam esportes e recebem outras lições importantes para sua formação pessoal”, observou, enfatizando que crianças e adolescentes deixam de ficar nas ruas à mercê da criminalidade.

Junji adicionou que a medida completa a lacuna gerada pela proibição legal do trabalho antes dos 16 anos de idade. Inserido na Constituição para incentivar os menores a estudar, segundo o parlamentar, o dispositivo não teve o devido respaldo em investimentos públicos na educação e acabou por instituir o ócio de crianças e adolescentes no horário livre das aulas, expondo os alunos, principalmente os das classes menos favorecidas, ao risco de seguirem o caminho das drogas e da violência.

Para cumprir as 20 metas do PNE, o Brasil terá de investir, no mínimo, R$ 61,058 bilhões até 2020, segundo cálculos do MEC – Ministério da Educação. Considerando União, Estados e municípios, em dez anos, o investimento no setor ultrapassará R$ 220 bilhões, o que representa quase 7% do PIB – Produto Interno Bruto. “Parece bastante, mas não é”, advertiu Junji, expondo o parecer de especialistas que recomendam a aplicação de 10% do PIB em educação.

Formação profissional
Além do período integral nas escolas, o deputado federal Junji Abe entende ser primordial fortalecer o ensino técnico para formação de mão de obra especializada, levando em conta as necessidades do mercado nas diferentes regiões. “Basta observar o número de vagas oferecidas e não preenchidas porque faltam profissionais especializados”, orientou, alertando que, sem avanços céleres na educação e nem redução da carga tributária, o Brasil estará fadado a perder competitividade na economia mundial.

Para sustentar sua avaliação de que o Brasil tarda para investir pesado na educação, o parlamentar pinçou o rápido crescimento da Coréia do Sul onde o parque fabril engorda a olhos vistos. Especialmente, nos campos da informática, eletroeletrônicos e automobilístico. “O segredo do sucesso é a educação. O país começou a fazer, há 30 anos, aquilo que o Japão fez no pós-guerra: investiu maciçamente na educação. E, hoje, os coreanos surpreendem até os japoneses e ganham um espaço cada vez maior na economia mundial”.

As discussões sobre o projeto de Lei que trata do PNE prosseguirão na Comissão Especial da Câmara. Entre as metas constantes do Plano, também estão a criação de 4,3 milhões de vagas em creches e pré-escolas, a erradicação do analfabetismo e a redução, pela metade, do índice de analfabetismo funcional, a abertura de mais de 5 milhões de matrículas para jovens de 18 a 24 anos na universidade e a equiparação do salário médio do professor das redes públicas com diploma universitário ao rendimento de profissionais de outros setores com escolaridade equivalente. O relator do parecer é o deputado Angelo Vanhoni (PT-PR).
Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286

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