Paraisópolis relata multiplicação repentina de pessoas em situação de rua

Paraisópolis relata multiplicação repentina de pessoas em situação de rua


O ritmo de chegada dessas pessoas em situação de rua e usuários de drogas é de cinco a oito a cada dois dias. 

Moradores da comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, estão preocupados com a recente multiplicação de pessoas em situação de rua e usuários de drogas na região. Desde janeiro, o fluxo fora do normal chama atenção de quem vive naquele território.

Dona de uma produtora de vídeos no local e integrante do Conselho de Saúde, Renata Alves acompanha a mudança de perto. “A gente não tinha casos desse tipo aqui. Havia pessoas com problema de álcool ou drogas, mas a gente conhecia a referência familiar e o domicílio de cada um, conseguiamos dar um suporte. Agora não”, conta ela.

Segundo Renata,de 43 anos, o ritmo de chegada dessas pessoas em situação de rua e usuários de drogas é de cinco a oito a cada dois dias.

Há a suspeita que eles estão sendo transportados até Paraisópolis. “As pessoas estão amanhecendo aqui. Quando a gente vai tentar fazer essa abordagem junto com a área da saúde vê que não são pessoas que vêm de lugares próiximos. São pessoas que vêm de muito longe, de Osasco, do Centro”, relata.

Criador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), Eduardo Moreira esteve na comunidade e constatou a veracidade da denúncia.

“Isso é grave. Um número de pessoas cada vez maior está sendo trazido e despejado em Paraisópolis. Pessoas em situação de rua, dependentes químicas, a maior parte delas, e que estão sendo tratadas como lixo, que está sendo recolhido e depositado aqui”, comentou Moreira. “A população em situação de rua desse local aumentou absurdamente, sobrecarregou o já precário sistema de saúde aqui da área, o sistema de assistência social também. Aumentou a criminalidade, o que aumenta o risco para crianças”.

Eduardo Moreira esteve em Paraisópolis

Eduardo Moreira esteve em Paraisópolis

Eduardo Moreira em Paraisóplis

Eduardo Moreira e a moradora Renata Alvez em Paraisóplis

Uma das poucas moradoras de rua que são da comunidade contou a Edu Moreira que agora está fazendo revezamento com o companheiro para dormir,  com medo de sofrer violência ou assalto por parte dos “forasteiros”.

Um dos pontos em que há maior concentração dessas pessoas é o Córrego do Antonico, uma área que passa por intermináveis obras de reurbanização, coberta de muitos entulhos.

Segundo o IBGE, Paraisópolis é a terceira favela mais populosa doi Brasil, com 58,5 mil habitantes — as ONGs que atuam na região acham esse número subdimensionado e estimam que haja pelo menos o dobro de moradores. Esse movimento intenso dificulta identificar como esses indivíduos chegam à região.

 

Renata Alvez

“Isso é algo que também tenho observado em torno de outras comunidades”, diz Renata.”Não posso dizer que foi esse ou aquele órgão que trouxe, mas é claro que essas pessoas não vieram andando, seja lá de onde vieram”.

A associação de moradores encaminhou denúncia à subprefeitura, reclamando da incidência de pequenos furtos e espalhamento de lixo nas ruas. “Mesmo sendo um território periférico, não tínhamos isso antes”, diz ela.

Região do Córrego do Antonico, em Paraisópolis

Região do Córrego do Antonico, em Paraisópolis. (Imagem: Edu Moreira)

O grande problema é o desequilíbrio  para o aparato de serviço social. “Não temos como encaminhá-los para tratamento psicológico ou para combate ao uso de álcool e drogas e nem para aproximação familiar que lhes daria dignidade”, explica Renata.

Ela pede providências das autoridades, mas sublinha: “Não é trazendo a força policial que isso vai ser reolvido: é um porblema de saúde pública”. 

https://iclnoticias.com.br/paraisopolis-multiplicacao-pessoas-situacao-rua/ 





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