Demitidos após visita de Bolsonaro vazar processam Embaixada


EXCLUSIVO: Funcionários demitidos após visita de Bolsonaro processam Embaixada da Hungria

Em ação protocolada na Justiça do Trabalho do DF, defesa de demitidos alega que verbas rescisórias não foram pagas

Por Karla Gamba

Dois ex-funcionários da Embaixada da Hungria, demitidos após a repercussão do episódio em que o ex-presidente Jair Bolsonaro ficou hospedado no local, acionaram a Justiça do Trabalho do Distrito Federal em busca de direitos trabalhistas que não teriam sido devidamente cumpridos após as demissões. Entre eles, está o pagamento da verba rescisória a que tinham direito com o fim do contrato.

A ação foi protocolada no TRT-10 (Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região) na última segunda-feira (27 de maio) e já foi distribuída para a relatoria do juiz Marcos Alberto dos Reis, da 8ª Vara do Trabalho de Brasília. Nela, os ex-funcionários pedem uma indenização no valor R$ 67.510,07, referente às verbas rescisórias trabalhistas e danos morais.

A defesa alega ainda que, segundo extratos das contas de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos trabalhadores, a Embaixada da Hungria não estaria depositando regularmente os valores previstos por lei, estando em aberto os meses de janeiro, fevereiro, abril e maio.

A coluna tentou contato com o advogado dos dois ex-funcionários e com a Embaixada — que ainda não possui advogado constituído no caso — mas ainda não obteve retorno.

O juiz do caso marcou para o dia 26 de agosto de 2024 um audiência inicial entre as partes e enviou ofício para o Ministério das Relações Exteriores determinando que a Embaixada da Hungria seja notificada do processo e da audiência, na qual deverá comparecer pessoalmente.

Os dois são brasileiros e foram demitidos sem justa causa uma semana após o caso vir a público — revelado em reportagem do jornal americano The New York Times, em 25 de março. Na ocasião, a Embaixada não deu nenhuma justificativa formal para o desligamento dos funcionários. Um deles trabalhava como secretário do embaixador e o outro era encarregado de manutenção. Ambos tinham acesso ao sistema interno das câmaras de segurança, que flagrou a estadia do ex-presidente.

Juliana Dal Piva
Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023. 


https://iclnoticias.com.br/demitidos-embaixada-bolsonaro-justica-trabalho/

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