Sarney lamenta avanço da extrema direita global e vê Congresso brasileiro sem valores: "mundo incompreensível"
Em artigo, ex-presidente analisou o atual cenário da política nacional e internacional
247 - O ex-presidente do Brasil José Sarney lançou críticas contundentes ao avanço da extrema direita no mundo, em um artigo intitulado "Anarcopopulismo", publicado nesta terça-feira (5) no portal imirante.
No texto, Sarney expressa sua preocupação com a ascensão de líderes representantes do que ele chama de "anarcopopulismo", como Donald Trump nos EUA.
Além disso, mostra alívio pelo Brasil ter "escapado do desastre maior do 8 de janeiro", promovido por terroristas bolsonaristas em Brasília no início de 2023.
O ex-presidente evoca o conceito de niilismo para descrever a negação de valores que permeia essa corrente política.
Para Sarney, o niilismo, que segundo ele esvazia a humanidade de significado e propósito, é o precursor do agir negativo, do anarquismo e do populismo concentracionário.
Sarney atribui a ascensão do anarcopopulismo a figuras como Steve Bannon, a quem ele acusa de desintegrar o Estado de Direito por meio de ações demagógicas.
Ele observa que essa corrente política se volta contra o Estado e o sistema de representatividade, enfraquecendo as instituições democráticas.
No contexto brasileiro, Sarney aponta para um "Congresso sem valores, ideias ou programas".
Ele critica o sistema de votação virtual, que, segundo ele, reduziu o debate parlamentar a pautas corporativistas, tornando quase impossível governar.
O ex-presidente também comenta sobre a crise política em países como Inglaterra e Estados Unidos.
Ele menciona o Brexit como uma tentativa fracassada de resolver a crise partidária na Inglaterra e destaca a fragilidade das instituições americanas diante da "segunda onda do ataque de Donald Trump".
Para Sarney, o projeto de governo de Trump visa beneficiar os super-ricos que o apoiam, em detrimento dos princípios fundamentais da democracia americana, como a separação entre Igreja e Estado.
Em sua conclusão, Sarney expressa sua perplexidade diante desse cenário político global, classificando-o como "um mundo incompreensível".