Mudanças na PM paulista lembram preparativo de golpe, por Luís Nassif

 

Mudanças na PM paulista lembram preparativo de golpe, por Luís Nassif

A medida do Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, de afastar coronéis legalistas e colocar capitães ligados à Rota, tem um objetivo


O golpe foi evitado, em 8 de janeiro, entre outras coisas pelo enquadramento da Polícia Militar pelas respectivas Procuradorias Gerais do estado. Bolsonaro contava com a ida em massa de policiais militares a Brasilia.

A estratégia adotada pelo comando geral da democracia – Ministros do Supremo e Procurador Geral da República – foi acionar os procuradores gerais dos estados para decretar estado de emergência. Isso obrigaria todos os PMs a ficarem dentro dos quartéis, sob risco de serem acusados de insubordinação. Segundo dados da época, papel essencial foi desempenhado por Mário Luiz Sarrubo, Procurador Geral do Ministério Público Estadual de São Paulo – e atual Secretário Nacional de Segurança Pública. Obviamente, contou com o apoio de coronéis legalistas – que compunham a maioria do estado maior da corporação.

A medida do Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, de afastar coronéis legalistas e colocar capitães ligados à Rota, tem um objetivo e várias consequências.

O motivo é alinhar a PM paulista com futuras manobras do bolsonarismo. Por trás da fala mansa, o governador Tarcísio de Freitas é a maior ameaça potencial à democracia brasileira. Se essa reforma tivesse sido feita antes de 8 de janeiro de 2023, o golpe teria sido perpetrado.

A consequência imediata será a ampliação das mortes e o aumento da insegurança no estado.

Há muitos pontos em comum entre Guilherme Derrite e o ex-Secretário de Segurança  Saulo de Castro Abreu.

O primeiro é o instinto sanguinário. Saulo foi responsável pelo Massacre de Osasco em 2006, no qual 19 presos foram assassinados pela PM, pela Operação Castelinho, na qual assassinou 12 pessoas de emboscada. E, principalmente, dos infames assassinatos de maior de 2006, que vitimou mais de 600 pessoas, entre eles jovens estudantes (negros, obviamente), mocinhas grávidas.

Saulo, na ALESP, provocando o público e os deputados com gestos. | Imagem: Reprodução

Derrite tem o mesmo instinto assassino.

O segundo ponto em comum é a tentativa de politização da PM. Saulo chegou ao ponto de invadir uma sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo acompanhado de PMs vociferantes.

O terceiro ponto é o desmonte da segurança em São Paulo.

No período dos massacres, houve uma explosão dos roubos – especialmente de celulares – na cidade de São Paulo. Eu mesmo tive um celular roubado em plena Augusta com Paulista, às 13:30. Em janeiro, os roubos voltaram a bater recordes.

Por trás desses recordes, o desmonte da PM. Um modelo de segurança tem que dispor da área de inteligência, do policiamento de proximidade. Mas toda a energia da PM paulista, sob Derrite e sob Saulo, estava focada nos massacres na periferia.

Quais as consequências? PMs se sentiam inseguros para praticar o policiamento de proximidade. No dia em que fui assaltado na Paulista, vi um carro da PM, fui até eles e quase fui alvejado por policiais visivelmente inseguros em relação à sua própria segurança.

Os massacres, covardes, sanguinários, ao invés de trazer segurança trazem insegurança à própria corporação.

Os roubos de celulares estavam diretamente ligados à estrutura de lojas que adquiriam os celulares roubados. Só quando a inteligência policial – sob novo Secretário – descobriu o óbvio, houve uma redução dos furtos.

O desmonte que Tarcísio está fazendo em São Paulo é similar ao que Bolsonaro fez em Brasília. A única diferença entre ambos é o grau de histrionismo de Bolsonaro.

PS – Depois da Secretaria de Segurança, Saulo foi Secretário de Governo e, depois, Secretário de Logística e Transportes do governo Alckmin. Depois, sumiu na poeira, impune.

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Luis Nassif

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