Bolsonaro fica em silêncio em depoimento à PF sobre tentativa de golpe
atualizado
Depoimentos ocorrem nesta quinta (22/2), no âmbito da Operação Tempus Veritatis. Bolsonaro permaneceu em silêncio e já deixou sede da PF
O ex-presidente chegou à PF, na capital federal, no início da tarde e ficou apenas alguns minutos no local. Ele ficou em silêncio, conforme já tinha antecipado sua defesa. A defesa, inclusive, disse que Bolsonaro jamais foi simpático a qualquer ideia de golpe.
“Esse silêncio não é só o uso constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos os quais estão sendo imputados pela prática de certos delitos”, disse o advogado Paulo Bueno, que representa Bolsonaro.
“O presidente não teme nada porque não fez nada”, disse o também advogado Fabio Wajgarten sobre a possibilidade de os militares não ficarem em silencio durante os depoimentos desta quinta.
Veja:
Veja os investigados convocados para depor:
Brasília
- Jair Bolsonaro: ex-presidente
- Augusto Heleno: general, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
- Braga Netto: general, ex-chefe da Casa Civil
- Anderson Torres: delegado, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
- Paulo Sérgio Nogueira: general, ex-ministro da Defesa
- Marcelo Câmara: coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
- Marcelo Fernandes: ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral
- Cleverson Ney Magalhães: coronel, ex-oficial do Comando de Operações Terrestres
- Almir Garnier: ex-comandante da Marinha
- Valdemar Costa Neto: presidente do PL
- Bernardo Romão: coronel do Exército
- Bernardo Ferreira de Araújo Júnior
- Ronaldo Ferreira de Araújo Junior
Ceará
- Estevam Theophilo: coronel do Exército
Rio de Janeiro
- Hélio Ferreira Lima
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Ailton Gonçalves Moraes de Barros
- Rafael Martins Oliveira: major, ex-integrante das Forças Especiais
São Paulo
- Amauri Feres Saad
- José Eduardo de Oliveira
Paraná
- Filipe Garcia Martins: ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência
Minas Gerais
- Éder Balbino
Mato Grosso do Sul
- Laércio Virgílio
Espírito Santo
- Ângelo Martins Denicoli
Bolsonaro, aliados e ex-integrantes de seu governo foram alvo da Operação Tempus Veritatis, no dia 8 de fevereiro, com o cumprimento de mandados de prisão temporária e busca e apreensão. Eles são suspeitos de ter organizado uma tentativa de golpe no Brasil para reverter o resultado das eleições e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Defesa de Bolsonaro
Após a saída do ex-presidente da PF, a defesa dele encaminhou uma nota à imprensa justificando a posição adotada.
Veja:
“A defesa do Presidente Jair Bolsonaro vem esclarecer que, desde a deflagração da cognominada “Operação Tempus Veritatis” requereu ao Ilmo. Ministro Alexandre de Moraes, relator do feito, acesso à totalidade dos elementos de investigação.
As decisões que sucessivamente foram dadas, em resposta aos reiterados pedidos formulados, franquearam a esta defesa só e somente as peças que se encontravam encartadas nos autos, excluindo expressamente o acesso a outras que, por deliberação do presidente da investigação, vêm sendo mantidas sob sigilo até mesmo dos advogados constituídos pelos investigados.
Ocorre que tais elementos mantidos ocultos — em especial os termos de declarações do Ten Cel Art Mauro Cid e a integralidade de mídias digitais oriundas de aparelhos de telefonia celular e computadores —, foram justamente o fundamento tanto da representação policial quanto da r. decisão do Ilmo. Min. Relator que deflagraram a própria operação, determinando buscas e prisões preventivas.
Diante da reiterada negativa de acesso por parte do Ilmo. Min. Relator, a elementos que, no entendimento da defesa, não podem ser subtraídos de seu conhecimento, deliberou-se por, até que se tenha o legítimo e amplo acesso à investigação, o Presidente Bolsonaro não prestará qualquer declaração, não abdicando de fazê-lo tão logo lhe seja garantido o referido acesso, não sendo demais lembrar que jamais se furtou ao comparecimento perante a autoridade policial quando intimado.”
https://www.metropoles.com/brasil/policia-federal-ouve-bolsonaro-e-aliados