SP derruba obrigatoriedade do uso de máscara em ônibus, trem e metrô
Nova regra passa a valer a partir desta sexta; utilização continua obrigatória em hospitais e postos de saúde
O governo paulista e a Prefeitura de São Paulo anunciaram nesta quinta (8) o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ônibus, metrô e trem. A nova regra passa a valer a partir desta sexta (9).
A medida será publicada no Diário Oficial do Estado e do Município. Apesar da liberação no transporte público, a gestão afirma que uso ainda é recomendado, principalmente, para os grupos vulneráveis, como pessoas acima de 60 anos e imunossuprimidas.
A obrigação do uso de máscara foi determinada em 29 de abril de 2020, no início da pandemia de Covid.
A flexibilização ocorre após o conselho gestor da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo, o antigo comitê científico, apontar altas taxas de cobertura vacinal, expressiva quedas nas internações pela doença e uma taxa de mortes por milhão de habitantes menor do que em países em desenvolvimento.

Em nota, o secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, David Uip, disse que o quadro "dá a segurança necessária para a flexibilização do uso de máscaras neste momento".
O governo, segundo ele, vai monitorar os dados epidemiológicos de forma constante.
A coordenadora da Comissão de Doenças Respiratórias Ambientais e Ocupacionais da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), Patricia Canto, considerou a medida acertada. "Estamos praticamente no fim do inverno, entrando em um período que tende a ser de queda nas doenças respiratórias, então é um período melhor", afirmou.
Na avaliação dela, é fundamental, no entanto, manter a cobertura vacinal alta —incluindo as doses de reforço—, submeter as pessoas com sintomas respiratórios a testes de Covid e, nos casos sintomáticos, usar máscara e álcool gel.
Segundo a Secretaria da Saúde paulista, em comparação com o início deste ano, houve mais de 90% de queda das internações por Covid.
No início de fevereiro, o número de pacientes internados era 4.091. Hoje, são 363 pacientes.
A média móvel de mortes caiu de 288 em 9 de fevereiro e agora, no estado, está em 27.
Nesta quarta (7), o Brasil registrou 39 mortes por Covid e 6.934 casos da doença.
Com isso, o país chegou a 684.685 vidas perdidas e a 34.545.816 pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia.
A média móvel de mortes agora é de 94 por dia, redução de 37,74% em relação ao dado de duas semanas atrás.
Já a média móvel de casos é de 10.448, o que indica queda de 31,46% se comparado com o mesmo período.
Ao todo, até terça-feira, 180.856.246 pessoas receberam pelo menos a primeira dose de uma vacina contra a Covid no Brasil.
Somadas as doses únicas da vacina da Janssen, já são 170.220.345 pessoas com as duas doses ou com uma dose da vacina da Janssen.

Assim, o país já tem 84,19% da população com a 1ª dose e 79,24% dos brasileiros com as duas doses ou uma dose da vacina da Janssen.
Até o momento, 102.870.101 pessoas já tomaram a terceira dose, e 28.582.051 a quarta.
Em março de 2020, com a pandemia recém-declarada, a máscara ainda estava longe dos rostos das pessoas.
Na ocasião, havia uma indicação generalizada de autoridades de saúde de que a proteção facial só deveria ser utilizada por pessoas com sintomas ou que estavam no mesmo ambiente de doentes.
Uma reportagem da Folha de 18 de março de 2020 apontava que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o então ministro Luiz Henrique Mandetta
estavam, em público, com máscara, apesar das indicações contrárias —naquele momento.
Também
o contato dos dois com uma pessoa recentemente infectada e, consequentemente, a necessidade de que estivessem em isolamento.
Havia uma corrida por máscaras e outros itens, como álcool em gel, no começo da pandemia, mesmo sem orientações oficiais para o uso.
No primeiro dia de abril de 2020, a situação, pelo menos no Brasil, já se desenhava para um mundo mais próximo do que conhecemos hoje.
"Wanderson [Oliveira, então secretário de Vigilância do Ministério da Saúde], amanhã de manhã, por favor publique isso na página do Ministério da Saúde, bem grande. Mostra o trabalho científico que já comprova que máscara para vírus de gotícula, máscara de barreira mecânica funciona muito bem. Qualquer pessoa pode fazer sua máscara de pano e utilizar porque vai funcionar e vai estar ajudando o sistema de saúde", afirmou Mandetta, durante coletiva de imprensa.
Em seguida, o Ministério da Saúde já tinha planos para uma campanha nas redes sociais para estimular a população a fazer suas próprias máscaras de pano.
Mas foi só em maio que a obrigatoriedade das máscaras de fato começou no Brasil. No estado de São Paulo, o uso obrigatório começou em 7 de maio.
No estado do Rio de Janeiro, a obrigatoriedade veio só em junho, mas a utilização já era obrigatória por lei no município do Rio desde 23 de abril.
Enquanto os comércios fechavam temporariamente na tentativa de frear a Covid e as pessoas ficavam mais em casa, para se proteger do vírus e tentar "achatar a curva", indústrias —até mesmo algumas que faziam roupas íntimas— começaram a produzir máscaras de proteção e camelôs e outras pessoas começaram a vender os itens, que se tornaram parte do vestiário básico da população.
A utilização ficou costumeira ao ponto de, em agosto de 2020, 9 em cada 10 brasileiros afirmarem usar máscaras sempre que estão fora de casa —apesar disso, só metade afirmava ver as outras pessoas usando sempre a proteção—, segundo pesquisa Datafolha, que ouviu 2.065 pessoas de todo o país e tinha margem de erro de dois pontos percentuais.
A popularidade da proteção permaneceu alta e, em setembro de 2021, 91% avaliavam que a máscara deveria ser obrigatória enquanto a pandemia não estivesse totalmente controlada, segundo outra pesquisa Datafolha com 3.667 pessoas e margem de erro de dois pontos percentuais.
Histórico do uso da máscara de proteção em São Paulo
8/9/2022
O governo paulista e a Prefeitura de São Paulo anunciaram o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ônibus, metrô e trem, a partir do dia 9. A gestão afirma que uso ainda é recomendado, principalmente, para os grupos vulneráveis, como pessoas acima de 60 anos e imunossuprimidas.
31/5/2022
Com nova onda de casos de Covid no país, o Comitê de Contingência do governo paulista voltou a recomendar o uso de máscaras em locais fechados em todo estado. No entanto, não tinha caráter obrigatório.
14/5/2022
Decreto publicado pela Prefeitura de São Paulo acabou com a obrigatoriedade do uso de máscaras em táxis e carros de aplicativos, mas manteve no transporte coletivo e em serviços de saúde, como postos e hospitais.
17/3/2022
O governo paulista anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em todos os ambientes, exceto no transporte público e unidades médico-hospitalares. O equipamento ainda tornou-se opcional em ambientes como escritórios, comércios, salas de aula, academias, entre outros.
9/3/2022
Devido ao grande número de pessoas vacinadas (86,5% da população com ao menos uma dose e 19,2% com o 1º ciclo completo), o governo liberou o uso de máscara em locais abertos no estado de São Paulo, inclusive, os espaços ao ar livre em restaurantes e bares.
29/4/2020
Após o anúncio da pandemia de Covid pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo estadual e a Prefeitura de São Paulo anunciaram a obrigatoriedade do uso de máscaras em ônibus, táxis e carros de aplicativos de carona no estado de São Paulo, a partir de 4 de maio.
7/3/2020
No dia seguinte, o governo estadual ampliou a determinação para todo o estado, tornando obrigatório o uso nas ruas e comércios por consumidores, prestadores de serviço, fornecedores e funcionários.
6/3/2020
Nesse dia, a Prefeitura de São Paulo passou a obrigar o uso da proteção facial nos estabelecimentos comerciais da capital, exigindo o equipamento para entrada e permanência de clientes e frequentadores
4/3/2020
Com o aumento de casos da Covid no Brasil, os governos estadual e municipal publicaram decretos obrigando o uso de máscaras de proteção nos transportes público e privado em todo o estado.

- https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/09/sao-paulo-libera-uso-de-mascara-no-transporte-publico.shtml