Tarcísio joga terra em cima da cova do PSDB
Colunista do UOL
30/08/2022 21h46.
Josias de Souza
Em 2018, Bolsonaro implodiu a centro-direita.
Tomou o lugar que o PSDB ocupava há um quarto de século na polarização com o PT.
O tucanato, que girava ao redor da cova havia duas décadas, pulou no buraco.
Chega a 2022 sem candidato ao Planalto.
Pior: arrisca-se a perder a disputa pelo governo de São Paulo, interrompendo uma hegemonia de 28 anos.
O bolsonarista Tarcísio de Freitas começa a jogar terra em cima do PSDB.
Pesquisa do Ipec (ex-Ibope) informa que Tarcísio (17%) abriu, em duas semanas, sete pontos de vantagem sobre Rodrigo Garcia (10%).
Aos pouquinhos, o eleitorado vai aproximando do fiasco o neotucano Garcia, egresso do falecido DEM.
Confirmando-se a tendência, o candidato de Bolsonaro vai ao segundo turno para medir forças em São Paulo com o petista Fernando Haddad (32%), reeditando no estado a polarização federal.
Ironicamente, ajuda a carregar a alça do caixão do PSDB o ex-tucano Geraldo Alckmin, que governou São Paulo em nome do partido por quatro mandatos.
Pretendia concorrer novamente ao Palácio dos Bandeirantes.
Mas foi, por assim dizer, empurrado para fora da raia por João Doria, padrinho renegado da candidatura de Garcia.
Aninhado no PSB e na chapa de Lula, Alckmin encosta sua biografia no palanque de Haddad, alimentando o sonho do PT de governar São Paulo pela primeira vez.
Como se tudo isso fosse pouco, Garcia acena para Bolsonaro enquanto engole a poeira levantada por Tarcísio.
Quatro anos depois do Bolsodoria, o eleitorado paulista assiste ao ensaio da formação de um novo híbrido político: o Bolsodrigo.
A má notícia para os tucanos é que o PSDB morreu.
A péssima notícia é que o partido não foi para o céu.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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