Ao ultrapassar Alvaro Dias, Moro corre o risco ficar marcado como traidor

Tales Faria
Colunista do UOL
27/06/2022
Candidato a reeleição, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) tem andado pelos corredores do Congresso com cara de poucos amigos desde que o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) se dispôs a também concorrer ao Senado pelo Paraná.
Álvaro Dias suspeitava que poderia acontecer o que as pesquisas agora anunciam: Sergio Moro é um forte candidato a tomar o seu lugar junto ao eleitorado do estado.
O problema é que o senador do Podemos foi quem mais incentivou Moro a entrar na política.
Ambos tinham combinado que o ex-juiz seria candidato a presidente da República.
E Álvaro Dias fez de tudo para filiar o aliado ao Podemos, partido que manteve a todo tempo o espaço aberto para Moro concorrer ao Planalto.
Mas o ex-juiz achou que o União Brasil lhe ofereceria maior estrutura na corrida à Presidência e, na última hora, abandonou o Podemos e Álvaro Dias.
Inexperiente na política, Moro não percebeu a falta de interesse do União Brasil em tê-lo como candidato.
Para piorar as coisas, a Justiça vetou a transferência do seu título eleitoral para São Paulo e ele teve que voltar ao Paraná.
O resultado é que, para manter suas ambições, Sergio Moro terá que bater de frente com Álvaro Dias.
Ruim para o senador e, daí porque ele anda irritado.
Mas também pode ser muito ruim para o ex-juiz.
Sergio Moro corre o sério risco de sair dessa disputa eleitoral não só com a fama de um juiz incompetente que agiu com suspeição e interesses políticos no julgamento do ex-presidente Lula (PT).
Pode acabar marcado como um candidato cuja ambição o faz trair até mesmo aqueles que se mostraram mais fiéis em sua ainda curta trajetória política.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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