O Planalto já sabia
Nonato Viegas
– O Bastidor -
Até o início deste ano, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, era tido em alta conta por Jair Bolsonaro.
Aparecia bastante ao lado do presidente em diversas agendas. Era cogitado para substituir o sempre ameaçado Paulo Guedes no Ministério da Economia ou João Roma no da Cidadania.
Com a anuência de Bolsonaro, Guimarães cogitou disputar um mandato legislativo. Tinha a seu favor os benefícios tocados pela Caixa, principalmente o Auxílio Emergencial pago a quase 40 milhões de pessoas durante a pandemia.
Todos esses planos foram descartados em março. A partir dali, Guimarães passou a ser cuidadosamente afastado do presidente. Sumiu de suas agendas.
Chamado de Pedro Maluco por alguns auxiliares de Bolsonaro, ele foi convencido pelo próprio presidente de que era melhor continuar à frente da Caixa e manter-se discreto.
Foi naquele mês que o Palácio do Planalto recebeu informações das denúncias de assédio contra Guimarães na Caixa. A avaliação, naquele momento, era de que os casos só virariam um "escândalo” se Guimarães fosse promovido e ganhasse holofotes.
O fato poderia afetar ainda mais a imagem ruim de Bolsonaro no eleitorado feminino. Por isso, optou-se por simplesmente deixar Pedro Guimarães à frente do banco e aguardar. Depois de o Metrópoles publicar denúncias de assédio contra Guimarães, a demissão é esperada no Planalto.
Ainda assim, Guimarães participou nesta manhã de evento interno da Caixa, com informações do Plano Safra, que será divulgado na tarde desta quarta-feira, 29, sem sua presença prevista, no Palácio do Planalto.