Bolsonaro tenta encontro com Biden, que se cala.

 


14.nov.2019 - O presidente Jair Bolsonaro participa de evento (Diálogo com o Conselho Empresarial do BRICS) com os presidentes dos países do BRICS, Cyril Ramaphosa (Africa do Sul), Narendra Modi (Primeiro Ministro da Índia), Vladmir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China) durante reunião de cúpula do grupo, no Palácio do Itamaraty.

Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress 
O presidente Jair Bolsonaro (PL) manobra para tentar ser recebido, antes do fim de seu mandato, em um encontro formal com o presidente norte-americano Joe Biden.

 Funcionários do alto escalão do Executivo, em Brasília, revelaram à coluna que a esperança do Palácio do Planalto é que o encontro ocorra durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles, no dia 9 de junho. 

Segundo essas fontes, uma consulta por parte do Brasil foi feita de maneira informal há cerca de um mês. 

Mas, até agora, a Casa Branca se mantém em silêncio, deixando o Executivo apreensivo....

 Procurado pela reportagem, o governo americano não deu uma resposta. 

Já o Itamaraty insiste em "negar" que um pedido tenha ocorrido.

 "A ida do Presidente da República à Cúpula das Américas não está confirmada", disse a chancelaria. 

"O Ministério das Relações Exteriores aguarda os resultados de missão precursora para fazer a recomendação adequada."... - 

Mas, dentro da própria chancelaria, duas fontes diplomáticas confirmam que o governo já expressou aos americanos a intenção de Bolsonaro de ser recebido por Biden. 

Um pedido formal e por escrito, porém, não foi feito, justamente para evitar um constrangimento.... - 

Do lado americano, houve um esforço nos últimos meses para que uma aproximação pudesse ocorrer e que, em Los Angeles, a relação estivesse mais madura. 

Biden chegou a receber o embaixador brasileiro Nestor Foster Jr. no Salão Oval, enquanto uma missão viajou até o Brasil para lidar com os aspectos de longo prazo e estratégicos da relação bilateral... - 

Mas a Casa Branca recebeu os novos ataques de Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal e contra o sistema eleitoral como um sinal de alerta, hesitando em manter o caminho da reaproximação. 

Biden vê com preocupação um possível caminho de uma ruptura institucional. 

Não foi a primeira vez que o alerta foi dado.

 O tema chegou a ser alvo de uma advertência por parte do chefe da CIA, William Burns, quando esteve em Brasília no ano passado. 

O recado era claro: se houver um golpe, a Casa Branca não hesitará em condená-lo e isolar o Brasil no cenário internacional.... - 
Ativo na diplomacia internacional, Biden jamais aceitou um contato com Bolsonaro.

 Ligou para líderes em diversas partes do mundo. 

Mas deixou o brasileiro de fora de sua agenda de contatos. 

No ano passado, Biden ainda deixou a sala durante um encontro virtual entre líderes, justamente no momento em que Bolsonaro faria seu discurso.... - 

Se os chefes da diplomacia dos dois países se falam com frequência, o presidente brasileiro ficou de fora da lista dos convidados do G7. 

Ainda no início do mandato, ao ser questionado se iria telefonar para Bolsonaro, Biden soltou uma risada.... - 

Em Washington, não foi esquecido o fato de Bolsonaro ter questionado a lisura das eleições americanas —repetindo as mentiras de Donald Trump—, além de não ter condenado sem reservas a invasão do Capitólio e de ter sido um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden.

 Meses depois da eleição, o brasileiro ensaiou uma tentativa de reaproximação e, em diferentes momentos, pediu para falar com o americano. 

Sempre sem êxito. 

No governo, o gesto de procurar Vladimir Putin é considerado como uma reação ao isolamento que o brasileiro sofreu por parte das principais lideranças ocidentais, inclusive por Biden.... -

Mas, mesmo dentro do Itamaraty, existe uma percepção de que o americano poderá ceder, inclusive para garantir o êxito da Cúpula das Américas.

 Questionado por suas decisões de política externa e com sua popularidade em baixa, o mandatário americano não pode errar com os vizinhos.

 Esnobar o Brasil —segunda maior economia da região— ou criar uma situação na qual Bolsonaro falte ao evento significaria colocar em risco o peso do evento.... - 

Mas a relação vive um momento de atritos. 

O governo brasileiro está sendo alvo de uma intensa pressão por parte de potências ocidentais para que modifique sua postura em relação à guerra na Ucrânia e sua insistência em se abster em votações para excluir a Rússia de organismos internacionais. 

A coluna apurou que diplomatas americanos e britânicos têm liderado a ofensiva, na esperança de ver o Brasil aderir ao bloco ocidental que tenta conseguir um isolamento completo de Vladimir Putin na cena internacional.... - 

Se, em vários países pelo mundo, a pressão das grandes potências vem atrelada a uma ameaça de corte de apoio a certos programas de desenvolvimento, o cenário não tem se repetido no Brasil. 

No caso do país, porém, negociadores revelam que o que fica subentendido é que, sem uma mudança na postura do governo Bolsonaro, uma sonhada adesão à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) não prosperaria...
https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2022/05/07/bolsonaro-tenta-encontro-com-biden-que-se-cala.htm

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