Descobertas da PF ajudaram o TSE a aumentar a segurança das urnas - TSE inicia evento para mostrar a especialistas externos soluções para fragilidades apontadas em novembro. Nenhuma conseguiu mexer em votos

 

Manoela Alcântara

Raphael Veleda
11/05/2022 

As urnas eletrônicas nas quais os brasileiros vão votar em outubro e o sistema de transferência e contagem dos votos passam pelos últimos ajustes entre esta quarta-feira (11/5) e a próxima sexta (13/5). Em evento com especialistas externos convidados para analisar os sistemas, o Tribunal Superior 
 Eleitoral (TSE) vai apresentar as soluções para fragilidades apontadas em procedimentos feitos em novembro do ano passado e abrir os equipamentos para os testes finais. E foram os peritos da Polícia Federal que deram a principal colaboração para a identificação de uma.   vulnerabilidade, ainda que não tenha sido na urna em si.      

No Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação (TPS), realizado em novembro de 2021, uma equipe de peritos da PF conseguiu burlar barreiras e acessar a rede interna do TSE. Eles não foram capazes, porém, de acessar a interface onde são armazenados e contados os votos. “A simples entrada já é uma preocupação que nós vamos enfrentar. Esse foi o ataque mais relevante e que vai exigir mais cuidado do TSE”, disse, na época, o então presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso.

No evento que começa hoje, os técnicos do TSE vão apresentar aos peritos da PF e aos demais “hackers do bem” que participaram dos testes as soluções para a fragilidade que possibilitou a invasão da rede interna, além de respostas para outros problemas apontados pelos especialistas. O Metrópoles apurou que todas as vulnerabilidades foram sanadas e terão as correções indicadas. Nenhuma delas implicava a segurança e inviolabilidade do voto ou a contagem deles pela Justiça Eleitoral.

A comprovação convincente da segurança de todo o sistema de votação é considerada fundamental pelos ministros do TSE para enfraquecer argumentos que vêm sendo repetidos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), pré-candidato à reeleição, e de seu entorno, de que a totalização dos votos não seria segura ou confiável. 

Diante do aumento na temperatura do debate, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) divulgou nota de esclarecimento na última semana defendendo a segurança das urnas e do sistema de contagem de votos e argumentando que os testes promovidos pelo TSE possibilitam “evolução e aprimoramento do sistema eleitoral brasileiro”.

“A identificação de falhas e vulnerabilidades não permite afirmar que houve, há ou haverá fraudes nas eleições”, diz a nota da APCF. “Os achados dos testes, ao contrário de comprovar fraudes, têm o propósito de apontar ajustes e aperfeiçoamentos necessários para a continuidade do curso normal das eleições, além de tecer recomendações científicas para a evolução e aprimoramento do sistema eleitoral brasileiro”, frisa ainda a nota.

“Até o momento, não foi apresentada qualquer evidência de fraudes em eleições brasileiras”, afirmaram os peritos da PF, no texto. 

Sobre a impressão do voto, uma bandeira dos partidários de Bolsonaro e mesmo de adversários políticos dele, como o PDT, a APCF defendeu ser um tema que “exige debate longo, maduro e científico, sem descontextualizações que objetivem sustentar teorias não comprovadas”.

Para os peritos, o voto eletrônico, que começou a ser adotado em 1996 no Brasil, “trouxe importantes avanços, dentre eles o afastamento dos riscos decorrentes do voto em cédula”.

Histórico de auxílio à Justiça Eleitoral
O Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação é realizado desde 2009, com o objetivo de indicar formas de correção e aperfeiçoamento das urnas. Cerca de 140 especialistas já participaram do TPS. Todos sem qualquer ligação com a Justiça Eleitoral, apenas atuando de forma colaborativa. E os peritos da PF estão entre os grupos que mais colaboraram para o aperfeiçoamento da segurança das urnas e de todo o sistema que envolve as eleições.

Em 2017, por exemplo, o grupo liderado pelo perito Ivo Peixinho encontrou uma falha que possibilitava a troca do local de votação do eleitor. Não era mudança de voto. Com a identificação, o TSE passou a adotar amplamente um mecanismo de derivação de chaves criptográficas na urna. Assim, retirou qualquer vestígio de chave embarcada em código-fonte, e corrigiu falhas relativas à verificação de assinatura digital. O problema foi testado novamente pelo mesmo grupo, que não conseguiu fazer a mudança novamente.

Em 2019, a equipe de Peixinho participou mais uma vez do TPS para contribuir com a Justiça Eleitoral e verificado falhas em um chip das urnas. Para resolver o problema, o TSE introduziu o processador de segurança Trusted Platform Module (TPM). Assim, foram reduzidas as quantidades de arquivos gerados pelo aplicativo Gerenciador de Dados, Aplicativos e Interface com a Urna Eletrônica (Gedai-UE), que apoia a preparação dos aparelhos para as eleições e o 
fortalecimento dos dispositivos de assinatura digital e criptografia. 
https://www.metropoles.com/brasil/eleicoes-2022/descobertas-da-pf-ajudaram-o-tse-a-aumentar-seguranca-das-urnas

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