Bomba no consulado preocupa, mas China quer saber de estabilidade e comércio bilateral
Brenno Grillo
O atentado à bomba cometido no dia 18 contra o consulado da China no Rio de Janeiro preocupa o corpo diplomático do país no Brasil.
Mas o único efeito prático disso foi a redução do interesse dos chineses pelo turismo em terras brasileiras.
O foco do Partido Comunista Chinês é o comércio bilateral.
"Um discurso errado de Jair Bolsonaro afeta o mercado, porque o dólar aumenta, mas quem conhece a relação Brasil-China com profundidade não dá mais atenção para os ataques do presidente", disse ao Bastidor uma fonte com trânsito junto a diplomatas do país asiático.
Segundo esse interlocutor, a preocupação do governo chinês é com a estabilidade no Brasil - seja ela econômica, política ou institucional.
Ele lembra a "relação umbilical" entre as duas nações e destaca que a China investiu por volta de 60 bilhões de dólares de 2007 a 2021 em solo brasileiro.
Outro interlocutor reforça o pragmatismo com que os chineses tratam o Brasil - vale lembrar que eles estão de olho, via Huawei, no edital do 5G a ser aberto no Brasil.
"Bolsonaro vai passar, mas as relações comerciais continuarão", disse, destacando que essa parceria começou em 1974, com marcos importantes nas décadas de 90 e 2010 - em 1993, o Brasil passou a ser considerado parceiro estratégico da China nas Américas e, em 2012, no mundo.
Mas parlamentares brasileiros culpam Bolsonaro e seus filhos pelo atentado à bomba, porque incitam o ódio contra a China sempre que podem.
"É uma influência indireta. Quando o ataque não parte do presidente, ele vem de seus filhos, principalmente Eduardo", disse um deputado.
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