Governo federal sabia desde 2018 dos riscos de um apagão geral no Amapá
Brenno Grillo
O governo federal sabia dos riscos de um apagão geral no Amapá desde 2018 e mesmo assim não buscou meios de neutralizar esse problema.
O registro existe numa análise de 2020 feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que é vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
A EPE cita no documento uma avaliação feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (OMS) naquele ano.
Nela, o órgão destaca que a usina termelétrica responsável pelo fornecimento de energia a Macapá "não seria capaz de eliminar os riscos de blecaute na maioria dos cenários previstos".
Em outro trecho, a EPE cita que a Eletronorte pediu, ainda em 2019, o desligamento antecipado dessa mesma usina por conta da entrada do estado no Sistema Interligado Nacional.
Alegou que esperar até o fim da concessão, em 2024, resultaria em "desiquilíbrio econômico-financeiro", pois a "remuneração não estaria cobrindo todos os custos para manter a usina disponível".
Em novembro de 2020, o Amapá ficou 22 dias sem fornecimento de energia elétrica após um incêndio numa subestação de energia instalada na zona norte de Macapá, que atendia todo o estado.
A concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), empresa responsável pelo fornecimento de energia na capital, foi multada pela Aneel em R$ 3,6 milhões.
E a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) teve três de seus diretores indiciados pela PF.
A queda no fornecimento de energia ocorreu, segundo as autoridades, porque um dos três transformadores da subestação não estava funcionando - passava por reparos.
A existência de três desses equipamentos era exigida para que, caso um dos dois em funcionamento apresentasse algum problema, o terceiro seria acionado.
Mas, nesse contexto, não havia substituição e o transformador restante ficou sobrecarregado.
Isso, somado ao fato de que Amapá é atendido por apenas uma linha de distribuição, resultou no apagão.
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