CPI da Covid-19: Oitivas começam nesta terça com depoimento de ex-ministros de Bolsonaro

 Seg , 03/05/2021 às 18:41 | Atualizado em: 03/05/2021 às 19:31


As oitivas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia se iniciam nesta terça-feira, 4, com o depoimento do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta

Todos os quatro ex-titulares da pasta da Saúde do governo de Jair Bolsonaro serão chamados, na qualidade de testemunhas. Além de Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e o atual ocupante do cargo, Marcelo Queiroga.

Na quarta-feira, 5, será a vez do depoimento de Eduardo Pazuello, considerado peça-chave no quebra-cabeça para entender o que ocorreu com o país na crise sanitária. 


O general da ativa do exército seguiu à risca a política negacionista de Bolsonaro e pode ser enquadrado como investigado, caso não consiga deixar claro que não contribuiu para o agravamento da pandemia.


De acordo com a dinâmica estabelecida pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), vai ter o tempo que julgar necessário para questionar os convidados.


Depois disso, cada integrante da CPI vai ter cinco minutos para perguntas, e os convidados vão ter cinco minutos para responder e depois mais cinco minutos para réplica e outros cinco minutos para tréplica.


Neste modelo, cada convidado terá pelo menos quatro horas de depoimento, pois cada senador terá 20 minutos de interação com cada convocado pela CPI. 


Com apenas duas sessões realizadas, a comissão promete ser palco de uma batalha entre governistas e senadores do bloco composto por independentes e opositores do Palácio do Planalto.


Mandetta 

Primeiro a ser escutado, o ex-ministro Mandetta, desde sua saída do governo, tornou-se um desafeto do Planalto. 


Declarado opositor da condução da pandemia da Covid-19 pelo Governo Federal, Mandetta não deve poupar críticas ao governo de Jair Bolsonaro. 


Se sua diatribe estiver munida de provas, o Palácio do Planalto estará em uma situação bastante desfavorável. 


Os senadores querem saber do ex-titular da pasta da Saúde como ele foi, eventualmente, pressionado a endossar a prescrição de cloroquina para pacientes com Covid e que explicações tem a dar sobre as orientações gerais do governo.


Em uma contraofensiva, senadores governistas dentro e fora da comissão de inquérito estão preparando requerimentos para que seja possível esmiuçar os contratos e licitações celebrados nos cerca de 15 meses da gestão do ex-ministro na Saúde em busca de desvios de recursos.


Mesmo antes da pandemia, auxiliares do presidente Bolsonaro sempre suspeitaram que dois aliados de Mandetta, os ex-deputados Abelardo Lupion e José Carlos Aleluia, seriam a chave para tentar desmoralizar o ex-aliado.


 Pré-candidato à Presidência da República, Mandetta alocou ambos na Saúde, um como assessor especial e outro como responsável pela área de contratos.


Pazuello 

Centro das atenções, a oitiva de Eduardo Pazuello deve ser a mais demorada dentre todos os depoimentos de ex-ministro da saúde do governo Bolsonaro. A cúpula da CPI articula um depoimento longo a fim de exaurir o general e ensejar eventuais deslizes do general.  

A avaliação de senadores independentes e de oposição que formam a maioria da Comissão é a de que Pazuello pode não aguentar e sucumbir à pressão, entregando informações que são consideradas fundamentais para a CPI.

Neste cenário, para combater a estratégia dos senadores, o governo realizou um treinamento com o ex-ministro, neste sábado, no Palácio do Planalto, a fim de prepará-lo para a oitiva. A ideia é que Pazuello seja capaz de defender suas ações na pandemia e blindar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

No Planalto, há uma preocupação sobre o desempenho do ex-ministro da Saúde na CPI. Além de ser treinado para falar em público, o general tem recebido um vasto material que será utilizado para defender a sua gestão na crise da pandemia e provar que não foi omisso.


Teich

Também na quarta-feira, Nelson Teich também será ouvido pela comissão. A ideia é se debruçar pelo período exíguo em que o oncologista ficou à frente da pasta - ele deixou o governo antes de completar um mês no cargo.

Os senadores pretendem confirmar se, de fato, sua saída foi motivada pela recusa em assinar um protocolo sobre o uso da cloroquina pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Depoimentos

Nem todos os senadores críticos ao governo concordam que ouvir mais de um depoente num só dia seja o ideal. Porém, admitem ser preciso dar uma satisfação rápida à população e, caso o cronograma fosse diferente, poderia atrasar os trabalhos e diluir a força de cada oitiva.

Há quem argumente também que o tempo de fala está de acordo com o tempo de permanência de cada um nos cargos, com a aposta numa nova convocação de Pazuello.

Estão previstos para depor, ainda, o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, e o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres.

https://atarde.uol.com.br/politica/noticias/2166972-cpi-da-covid19-oitivas-comecam-nesta-terca-com-depoimento-de-exministros-de-bolsonaro

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