Bolsonaro - Candidato do PSL à Presidência deu declaração durante entrevista à rádio CBN. Ele disse que para a pasta da Saúde, por exemplo, procura gestor com 'autoridade' e 'iniciativa'.
Por Filipe Matoso, G1 — Brasília
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quinta-feira (11) que a população não quer saber se o ministro é gay, mulher ou negro, quer que "dê conta do recado".
Bolsonaro deu a declaração em entrevista à rádio CBN – que nesta quinta também entrevistou o candidato Fernando Haddad (PT). Ele reafirmou que pretende ter 15 ministérios e disse que procura para a pasta da Saúde um gestor que tenha "autoridade" e "iniciativa".
"Pretendo ter 15 ministros. Um vai ser homem, o da Defesa, um oficial-general. O resto pode ser tudo mulher, tudo gay, tudo afrodescendente. [...] Qual perfil eu quero para o Ministério da Saúde? Quero alguém competente, que seja gestor, tenha autoridade e tenha iniciativa. É isso que estou discutindo. Se vocês quiserem indicar alguém com esse perfil, estou pronto para conversar. Não quero saber, o povo não quer saber se quem está em tal ministério se é gay, se não é, se é negro, se não é, se é homem, se é mulher. Ele [povo] quer que o ministro dê conta do recado", declarou.
Bolsonaro tem afirmado que, para reduzir o atual número de ministérios (29), vai unificar algumas pastas. Ele já mencionou como exemplo a junção de Fazenda e Planejamento e a de Agricultura e Meio Ambiente.
Na entrevista, disse ter definido três ministros: Paulo Guedes (Fazenda), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e general Augusto Heleno (Defesa).
Durante a entrevista à rádio CBN, Bolsonaro foi questionado sobre declarações polêmicas que costuma dar sobre mulheres, negros e gays.
Ele afirmou que não é o "Jairzinho paz e amor" porque é "autêntico" – em 2014, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a Dilma Rousseff que adotasse um perfil "Dilminha paz e amor" na campanha eleitoral. Em 2002, a campanha de Lula propôs ao então candidato o lema "Lulinha paz e amor".
"Nós evoluímos. Muita coisa que vocês falavam ou pensavam 10, 15, 20 anos atrás vocês pensam diferente hoje. Nós evoluímos. Vocês reconhecem erros e no meu entender isso é salutar. Eu já errei. Agora, eu não sou Jairzinho paz e amor, sou autêntico como sempre fui. Não tenho muitas vezes o dom de falar bonito", afirmou Bolsonaro nesta quinta-feira.
Facada
Bolsonaro também voltou a falar sobre o atentado que sofreu no mês passado. Em 6 de setembro, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), o candidato levou uma facada na região abdominal.
Ao todo, ficou 23 dias internado se recuperando e, neste período, concedeu algumas entrevistas a veículos de imprensa, postou vídeos e publicou mensagens nas redes sociais. Ele participou do primeiro ato público nesta quinta e disse que sempre defendeu a liberdade de imprensa.
Numa entrevista recente à rádio Jovem Pan, Bolsonaro disse que não perdoará o agressor, Adélio Bispo, e acrescentou que Bispo deve "mofar" na cadeia.
Questionado nesta quinta sobre os casos de violência registrados durante o atual período eleitoral, Bolsonaro afirmou não ter como se responsabilizar pelos atos dos eleitores dele.
"Pelo amor de Deus. Quarenta e oito milhões votaram em mim e você quer que eu me responsabilize por elas? Lamento essas agressões. Afinal de contas, quem levou a facada fui eu. Falam que eu prego o ódio, mas quem levou a facada fui eu. Quase morri, estou vivo por um milagre. Na questão da Bahia, se briga por futebol, por política, religião. Lamento, gostaria que não tivesse. Condenar? Condeno, sim. Não quero o voto desse tipo de gente. Se uma pessoa porventura for eleitora minha ou usar meu nome no Facebook, eu vou ter que me responsabilizar? Pelo amor de Deus! Eu que levei a facada! Eu sou vítima daquilo que eu prego... O contrário!", disse.
Regime militar
Opositor ao governo Dilma, Bolsonaro votou a favor do impeachment em 2016 e, ao justificar o voto, homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo como torturador.
Nesta quinta-feira, foi questionado sobre o regime militar e sobre as declarações de apoio a Ustra.
"Quando você fala no coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, não teve nenhuma condenação transitada em julgado contra ele. Não pode acusá-lo disso. O outro lado cometeu barbaridades [...] e vocês nunca condenam. Eu sempre falei que houve excessos dos dois lados. Não defendo ditadura nenhuma. [...] Se o que aconteceu de 1964 a 1985 foi uma ditadura, é o fim da picada", disse.
Igualdade salarial
Jair Bolsonaro também falou sobre igualdade salarial entre homens e mulheres durante a entrevista à CBN.
O candidato tem dito que, no serviço público, o salário é igual, e que na iniciativa privada não pode interferir se for eleito porque é uma questão de "produtividade".
"O mercado tem que decidir. Ninguém vai pagar mais para homem porque é homem ou menos para mulher porque é mulher. Isso vem da questão da produtividade de cada um. [...] Isso é uma discussão... Qual país do mundo discute isso daí? Isso é pauta para discutir com candidato a presidente da República? Pelo amor de Deus!", disse.
Entrevista para a RedeTV!
Bolsonaro também concedeu entrevista à RedeTV! nesta quinta e foi questionado sobre 11 temas. Sobre impostos, ele afirmou que pretende reduzir a carga tributária e reafirmou a proposta de isentar do Imposto de Renda quem ganha até 5 salário mínimos.
Sobre porte de armas, Bolsonaro afirmou que, no que depender dele, "todo cidadão de bem" terá arma dentro de casa seguindo alguns critérios. Ele também falou sobre drogas: "Não passa pela minha cabeça liberação de drogas. Alguns dizem que você vai diminuir a violência, a briga entre traficantes. Não vai. Não vai".