Construtoras alugam imóveis encalhados para reduzir prejuízos
Apartamento de três
quartos, novinho. Fechado, ele tem custos com condomínio e IPTU que
chegam a R$ 6 mil por ano; 62 unidades como essa estão vazias desde a
conclusão da obra, há mais de um ano. A construtora cansou de esperar
compradores
Não está
fácil vender imóvel no Brasil, e não é de hoje. O número de apartamentos
novos encalhados é enorme. E, para se livrar deles, algumas
construtoras resolveram mudar de estratégia.
Uma cidade
de imóveis vazios dentro da segunda maior capital do Brasil. Espalhados
por vários bairros do Rio existem 61 mil apartamentos disponíveis para a
compra ou aluguel, mais que o dobro de um ano atrás.
O candidato
a locatário sabe que o momento é bom para negociar o valor do aluguel e
o interessado na compra, esse está difícil de achar.
“Dificuldade
de crédito, preços exorbitantes... Isso tudo fez com que o comprador
migrasse para a locação mesmo que temporariamente, até essa crise
passar, até essa situação macroeconômica se definir”, explica Edison
Parente Martins Neto, vice-presidente de administradora.
Em 2017 até novembro, foram vendidos 31 mil imóveis de médio e alto padrão em todo o país, 11% a menos que em 2016.
Apartamento
de três quartos, novinho. Fechado, ele tem custos com condomínio e IPTU
que chegam a R$ 6 mil por ano; 62 unidades como essa estão vazias desde
a conclusão da obra, há mais de um ano. A construtora cansou de esperar
compradores.
“Esse custo
representa em torno de R$ 370 mil por ano para a gente. Mais ou menos
uma unidade por ano de custos que nós temos com um empreendimento pronto
não vendido”, afirma o gerente de vendas de construtora, Bernardo
Gazal.
O imóvel agora está disponível também para aluguel.
Salvação
“O aluguel
veio para nos ajudar, para não só reduzir nossos custos, mas também para
trazer vida. As famílias vêm visitar nos finais de semana, é um momento
interessante para que as pessoas também se apaixonem pelo condomínio,
pelas unidades e possam adquirir uma unidade”, completa Bernardo.
E algumas
construtoras vão além nos atrativos para ocupar os imóveis. A Daniela e o
Luiz Claudio estão há dois anos no apartamento. Primeiro, foram
inquilinos. Depois, conseguiram transformar os aluguéis pagos num
desconto de 5% no valor da compra. Negócio fechado com as certezas que
só vêm com a experiência.
“Fiz essa
locação justamente para conhecer o condomínio, ver se eu iria me adaptar
ao apartamento. E no final, quando você vai comprar, é como se você
tivesse feito uma poupança, juntando esse dinheiro para abater na
entrada do imóvel. Isso facilitou muito para a gente”, diz empresária
Daniela Jones.
(Globo.com - Jornal Nacional - Notícia - 30/02/2018)