Michel Temer diz que há 'compreensão na sociedade e no Congresso' sobre reforma da Previdência
Presidente da República participou do Programa Sílvio Santos, do SBT, veiculado neste domingo (28). Votação da reforma previdenciária está prevista para fevereiro.
Por G1, Brasília
Em entrevista veiculada neste domingo (28), o presidente da República, Michel Temer, voltou a defender a reforma da Previdência e afirmou que existe uma "compreensão na sociedade e no Congresso" em torno do projeto.
A declaração foi dada durante participação do peemedebista no Programa Sílvio Santos, do SBT.
O programa foi gravado no último dia 18 de janeiro, em São Paulo.
"Depende [dos deputados], mas você sabe que nesses últimos tempos, viu
Sílvio, especialmente em face desse novo projeto de Previdência Social,
que nós amenizamos bastante as regras, hoje há uma compreensão na
sociedade e uma compreensão no Congresso", afirmou Temer ao ser
questionado por Sílvio Santos sobre se a aprovação da reforma dependia
dos deputados.
O presidente disse que a Câmara "transmite a vontade popular" e pediu
que as pessoas "sensibilizem os deputados" para que eles se posicionem a
favor da reforma.
"É importante que suas colegas de trabalho, o Brasil inteiro
sensibilize os deputados porque eles, de alguma maneira, representam a
vontade popular. Se a vontade popular compreender isso que estamos
dizendo aqui, os deputados vão lá, depositam o voto favoravelmente e,
portanto, ajudam o país", acrescentou o peemedebista.
A reforma da Previdência está prevista para ser votada em fevereiro na Câmara.
No entanto, apesar do otimismo do presidente, governistas admitem que
ainda não possuem o apoio de 308 deputados, número necessário de votos
para aprovar o projeto que promove uma mudança na Constituição.
Durante entrevista a jornalistas na semana passada, o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), afirmou que o governo tem cerca de 275 “votos certos” a favor da reforma.
Além disso, na contabilidade do governo, existem aproximadamente 60 deputados indecisos.
Maia não descartou alterações nas regras de transição do texto reforma da
Previdência a fim de conquistar mais apoio de parlamentares.
Mas o
deputado disse que o governo não cogita alterações na idade mínima para a
aposentadoria, que, na proposta, é de 65 anos para homens e 62 para
mulheres.
As articulações para tentar aprovar a reforma devem se intensificar nos próximos dias. Em 5 de fevereiro, o Congresso vai retomar as atividades depois de mais de um mês de recesso.
Prevenção
A Sílvio Santos, Temer disse que, sem as mudanças nas regras
previdenciárias, o país terá dificuldades para pagar as aposentadorias
no futuro e citou exemplos de países que enfrentaram esse problema, caso
de Portugal e Grécia.
"Se não houver uma reformulação da Previdência, o que vai acontecer
daqui a dois, três anos, é aquilo que aconteceu em Portugal e na Grécia.
Ou seja, a dívida previdenciária tão grande, tão expressiva, que lá foi
preciso cortar 30%, 40% dos vencimentos dos funcionários públicos",
declarou Temer.
"Teve que haver um corte. Por que estamos fazendo a reforma da
Previdência agora? Para prevenir no futuro", emendou o peemedebista.
O presidente disse ainda que as mudanças propostas não afetam os mais pobres, os trabalhadores rurais e os deficientes.
"As pessoas dizem um pouco isto: 'ah, o governo quer que você trabalhe até morrer'. Isso não é verdade", afirmou.
Ele também sugeriu, a pessoas que ganham mais, fazer previdências complementares de modo a garantir maiores aposentadorias.
'Não é piada'
Durante a entrevista, Sílvio Santos também defendeu a reforma da
Previdência e repetiu que, sem a reforma da Previdência, o governo não
terá dinheiro para pagar os aposentados. "Não é piada", afirmou o
comunicador.
"Tem muitos deputados que gostariam de estar no governo, de ter um
amigo no governo, alguém do partido no governo, [e pensam:] 'vamos fazer
o possível para pelo menos não fazermos a reforma que é mais um gol que
ele [Temer] vai fazer', mas isso não é bom para o Brasil", introduziu
Sílvio Santos.
"Isso é um pensamento maléfico, porque, sendo um deputado, ou sendo um
presidente, acima de tudo tem que ser um bom brasileiro.
Deve-se pensar
naqueles que estão se aposentando, naqueles que estão velhos e não podem
mais trabalhar [...]. E, se nós não aprovarmos a reforma da
Previdência, isso não é piada, nós daqui a dois, três, quatro anos, não
vamos ter dinheiro para pagar os aposentados", concluiu o apresentador.
Temer lembrou que a Previdência Social vem apresentando rombos nos últimos anos. Em 2017, o déficit previdenciário subiu para R$ 268,8 bilhões, um novo recorde negativo.
Já o apresentador do programa televisivo citou o aumento da expectativa de vida da população brasileira.
"O brasileiro hoje está chegando nos 80, 85, até nos 90 anos. A média
pode ser 77, 78 anos, então o brasileiro está chegando na velhice e tem
pouca gente nascendo. Antes, tinha cinco ou seis pessoas [trabalhando]
para pagar um aposentado.
Hoje, nasce duas pessoas, está se controlando o
nascimento no mundo todo. Então, vai ser difícil pegar dinheiro das
pessoas que estão trabalhando e pagar as que estão se aposentando",
afirmou Sílvio.
'Quem quer dinheiro?'
Ao final da entrevista, que durou cerca de 13 minutos, Temer brincou
com Sílvio Santos, dono do bordão "quem quer dinheiro?". O presidente
deu ao comunicador uma nota de R$ 50, arrancando risos do apresentador.
"Eu vou fazer uma coisa que você faz com os seus colegas de trabalho.
Eu vou passar um dinheiro para você", disse Temer ao entregar o
dinheiro.
"Ganhei R$ 50! Ganhei R$ 50", comemorou Sílvio Santos.