Alto Tietê registra queda de 40% na venda de hortaliças - Crise afeta venda de hortaliças no Alto Tietê

Feirantes e agricultores do Alto Tietê registram queda de 40% na venda de hortaliças
Segundo comerciantes e consumidores, o problema está na crise que afeta o bolso de quem vai às feiras.
Por G1 Mogi das Cruzes e Suzano


O inverno favorece o consumo de hortaliças, porque é quando os preços estão baixos e a qualidade é melhor. 

No entanto, os agricultores e feirantes do Alto Tietê enfrentam uma situação complicada. Segundo eles, nos últimos meses, os negócios caíram cerca de 40%. Para piorar, os comerciantes dizem que não adianta baixar o preço, pois falta dinheiro para o consumidor abastecer a geladeira.

Ivo Bernardes da Silva cultiva 25 produtos orgânicos. A qualidade das hortaliças está boa, mas a procura tem desanimado o agricultor. Segundo ele, há cerca de um ano, as vendas caíram 40%. “Não vende. 

Quem comprava cinco pés de alface, agora compra dois. 

Quem comprava três dúzias de couve para restaurante, mercado ou quitanda, está levando uma, duas”, lamenta. “A gente percebe que as pessoas não estão indo mais na feira”.

Ele atende feiras da região. 

Antes, levava bastante mercadoria, mas a situação mudou. “A gente está se ajustando. Faz de tudo para economizar, de tudo. 

Para se ter uma ideia, eu comprava dois, três caminhões de esterco por ano, ou a cada 90 dias comprava um. 

Estou comprando um. 

Para esse ano não tem melhora. Pelas estatísticas que tenho em casa, só se tiver uma reviravolta aí na política”, afirma.

De acordo com o Sindicato Rural de Suzano, a cidade produz mais hortaliças do tipo folhosa. Entre elas estão alface, rúcula e salsa, mas, mesmo com a grande variedade, está difícil vender. 

O Sindicato afirma ainda que pelo menos 400 agricultores sentiram uma queda nas vendas.

Francisca de Lima, por exemplo, vai à feira toda semana, não abre mão de produtos frescos, mas diz que fica de olho no preço. 

“Algumas coisas estão mais em conta. Outras estão mais carinhas. Então você tem que ir de banca em banca e pesquisar”.

Ela conta que, por causa da crise, não dá para sair com as sacolas cheias. “É a crise mesmo que está pegando todo mundo. 

Então nós estamos tentando economizar o máximo e comprando só o necessário”, afirma.

A dona de casa Maria Araújo da Silva é outra que sempre está procurando por hortaliças nas feiras. No entanto, ela também fica atenta nos gastos. 

“Vai um pouquinho de um quilo, meio quilo. Assim, dá para levar”.

Trabalhando na feira há 35 anos, Armando Alves Gonçalves diz que nunca passou por uma fase tão ruim. 

Ele conta, assim como Ivo, que há cerca de um ano as venda caíram 40%. 

Para piorar, o comerciante diz que, na maioria das vezes, o cliente não está com dinheiro vivo em mãos.
“Agora só ficam perguntando '[aceita] cartão, tem cartão?'. 

A gente usa, mas procura usar o mínimo do cartão”, ele também teve que mudar o preço para não perder os clientes. “Agora é R$ 7 o pedaço [da melancia]. Pediu para fazer R$ 6 e eu... para não perder a venda”.

A estratégia de baixar o preço também foi adotada pelo feirante Nivaldo Fava Júnior. 

“O preço é o que a gente mais busca no produtor. Um preço melhor para ver se chegue para o cliente mais barato. Essa [alface] crespa a gente vendia a R$ 2,50. Só que tudo vai conforme o tempo também. Se está muito Sol, ela começa a ficar mais cara porque estraga bastante na chácara. Hoje mesmo eu já vi vendendo ela por R$ 1,50. Mas já vi por R$ 2. Já chegou até a R$ 3”.

Mesmo com um cenário tão complicado, ele diz que não vai desanimar. 

“Eu tenho esperança de que, com certeza, vai melhorar... 

Já está melhorando... 

Conforme vai chegando o final do ano, já está melhorando sim”...

De maneira geral, o setor prevê uma melhora significativa no verão.

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