O uso de aparelhos eletrônicos tornou-se a principal forma de entretenimento das crianças da nova geração - Psicóloga alerta sobre os riscos
Infância atual é marcada pelo crescente uso de eletrônicos
A facilidade com a tecnologia e o interesse pelo mundo virtual cada vez mais cedo chama a atenção dos pais
Pega-pega, amarelinha, pique-esconde, pipa, bolinha de
gude, corda e bambolê. Brinquedos e brincadeiras que marcaram a infância
de muita gente, mas que, com o passar dos anos e com o avanço da
tecnologia, foram perdendo espaço para modernos aparelhos eletrônicos.
Independentemente da classe social ou do local de moradia, o fato é que o
interesse das crianças pelo mundo virtual tem se tornado praticamente
instintivo.
Com isso, o contato com videogames, celulares, tabletes e
computadores ocorre cada vez mais cedo.
O pequeno Felipe
Lamim Lino Silva, de 5 anos, por exemplo, não abre mão de passar algumas
horas do dia jogando videogame ou assistindo desenhos em seu tablet.
Segundo o empresário Gerson Lino Júnior, 31, a facilidade com que o
filho manuseia os aparelhos eletrônicos sempre o impressionou, mas nem
por isso deixa de incentivá-lo a praticar outras atividades.
"Ele gosta
muito desses jogos e, desde os 2 anos tem contato com computador. Mas eu
não deixo que ele faça apenas isso. Sempre que posso levo para andar de
bicicleta, skate, brincar fora de casa", disse.
A mesma
preocupação é compartilhada por Wellington Martins, 35, que não mede
esforços para que os filhos Gustavo Wendel Martins de Albuquerque, 9, e
Victor Hugo Martins de Albuquerque, 7, tenham uma infância como a sua.
"Quero que essa fase da vida deles seja muito proveitosa, assim como foi
a minha, quando não era preciso videogame ou internet para ser feliz.
Acredito que estar conectado é bom para serem mais antenados com o que
acontece no mundo, mas acho que deixá-los presos nisso, faz com que
fiquem vulneráveis a todo tipo de situação", comentou.
De
acordo com Martins, os meninos aprenderam a gostar de brinquedos e
brincadeiras, que para muitos, são considerados ultrapassados.
"Eles
nasceram nesta era digital, então é natural que gostem de aparelhos
eletrônicos, mas preferem brincar com outras crianças, praticar
esporte", contou.
O uso de aparelhos eletrônicos tornou-se a principal forma de
entretenimento das crianças da nova geração.
No entanto, de acordo com a
psicóloga Mônica Marques, apesar da prática ter se tornado uma marcada
da infância, é preciso considerar todos os seus aspectos, positivos e
também negativos.
"Não há como negar que a tecnologia veio
para ficar. Por um lado isso é bom, pois ela contribui inclusive para a
Educação.
No entanto, não podemos deixar de lado alguns cuidados",
disse.
Segundo ela, o principal problema é que diante da
violência que tem ganhado cada vez mais força no mundo exterior, muitos
pais acreditam que os filhos estejam seguros ao utilizar a internet e
brincar com jogos virtuais, quando, na verdade, a realidade é bem
diferente.
"Temos percebido que as famílias, ingenuamente,
acham que pelo fato da criança estar dentro de casa, ela está segura.
Mas é importante considerar que a violência digital também existe. Então
quando eles estão usando a internet, por exemplo, estão vulneráveis a
diversas situações, como serem aliciadas nas redes sociais, ou até mesmo
serem influenciados com jogos violentos", comentou.
O uso
descontrolado da tecnologia, de acordo com a especialista, impacta
inclusive no relacionamento com outras pessoas.
"Muitas professoras já
reclamam que as crianças estão levando para a vida real aquilo que
aprendem no mundo digital.
Muitas brincadeiras reproduzem aquilo que
elas veem nos jogos. Sem falar que nos games as coisas acontecem de
forma muito rápida, basta apertar alguns botões. Já na vida não é assim e
isso acaba sendo um problema", relatou.
A profissional
orienta, ainda, que a melhor maneira para que os pais possam prevenir
esses incidentes é controlar e monitorar os filhos enquanto eles se
divertem na internet.
"As escolas exercem um papel muito importante, que
é possibilitar o acesso a essas ferramentas, mas com acompanhamento.
O
mesmo tem que ser feito em casa. Os pais precisam saber o que os filhos
fazem na internet, com que eles falam.