Mogi das Cruzes - Gerdau deve encerrar parte das atividades em Mogi


Gerdau pode demitir até 100 funcionários. (Foto: Eisner Soares)




Bastante afetada pela crise econômica no setor industrial, já que é geradora de matéria-prima, a Gerdau Aços Laminados, localizada na Avenida Miguel Gemma, em Mogi das Cruzes, pode demitir 100 dos seus 200 funcionários e transferir mais de 50% de suas operações para a unidade de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, até o final do ano. 
LUCAS MELONI
http://odiariodemogi.com.br

A empresa foi uma das que mais dispensou empregados desde setembro passado, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Mogi das Cruzes.

O setor vive um de seus piores momentos em décadas. Conforme estimativa do Instituto do Aço, representante das empresas deste mercado, apenas no primeiro semestre de 2016 foram 11,3 mil desligamentos e 23 unidades produtivas tiveram suas atividades encerradas.

 Houve uma redução de 16% na participação do consumo interno, muito influenciada pela concorrência com produtos chineses.

O poder de produção dos parques siderúrgicos nacionais é de 50 milhões de toneladas por ano, entretanto, em 2016, o total não superou as 33 milhões. 

Os números de venda em queda são um contraponto aos investimentos cada vez mais elevados feitos pelos conglomerados produtivos no Brasil. Entre 2009 e 2014, de acordo com a entidade que representa as empresas, foram injetados US$ 19 bilhões para melhorias na cadeia produtiva.

A crise, entretanto, faz seus estragos. Há meses, a Gerdau, uma das maiores do País, dá sinais de desgaste por causa do cenário conturbado

Em abril, o presidente do grupo, Jorge Gerdau, encontrou-se com o presidente interino Michel Temer (PMDB). “Não falamos sobre o lançamento de um pacote econômico.

Falamos mais do quadro da siderurgia, que é de dificuldades da demanda e exportação”, disse à imprensa na ocasião.

A Gerdau de Mogi, conforme explica Silvio Bernardo, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, é a principal preocupação da entidade. “A empresa afirma que o excedente é de 50% da mão de obra atual. São 200 funcionários no momento. 

Há risco de demissão de mais de 100. A gente acompanha bem de perto a situação da empresa porque a Gerdau foi responsável pelo maior número de demissões desde o ano passado. De setembro até agora foram mais de 250”, assegurou ao jornal.

Há pouco mais de dois anos, a empresa fechou a fábrica de Sorocaba, no interior do Estado, e transferiu a sua produção para a de Mogi das Cruzes.

 Com o agravamento da crise, agora é a unidade de aços laminados e de chaparia daqui que sofre com as turbulências econômicas.

 “O que se comenta é sobre a transferência da produção para Pindamonhangaba. A empresa diz que houve fechamento de fornos e, por causa disso, não tem como manter os empregos e não há planos de reativá-los em curto espaço de tempo”, explicou Bernardo.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da fábrica que se manifestou por meio de nota. “A Gerdau confirma que está realizando a transferência do processo de laminação de sua usina de Mogi das Cruzes para a planta de Pindamonhangaba.

Essa transferência será temporária, retornando quando houver recuperação dos níveis de demanda no mercado.

 A decisão se deveu à necessidade de otimização das atividades da Empresa no segmento de aços especiais, considerando o cenário de desafios vivenciado pela indústria do aço no Brasil e no mundo.

 A redução de postos de trabalho será o último recurso da Empresa após a tomada de uma série de medidas para evitá-la.

 Além disso, a Gerdau buscará oferecer novas colocações aos colaboradores cujos perfis são necessários em outras unidades”, trouxe o posicionamento. 

Parte da linha de aços especiais e longos deve continuar a ser feita na unidade do Distrito do Taboão.

Outras empresas
General Motors e Valtra têm cenários mais estáveis com poucas chances de demissões em massa em curto espaço de tempo, avalia o dirigente do sindicato. 

“Esses mercados de automóveis e de maquinários agrícolas têm chances maiores de recuperação e, portanto, não trazem tanto risco de novas demissões”, afirmou Bernardo.

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