Temer está consciente: prazo para governo dar certo é curto - por Gerson Camarotti

Imagem para o resultado de notíciasO vice-presidente Michel Temer já confidenciou aos aliados mais próximos que terá um curto intervalo de tempo para fazer o governo dar certo.

Ele sabe que a lua-de-mel com a sociedade será breve e que, em pouquíssimos meses, terá de mostrar resultados concretos, principalmente na área econômica.

Foi com base nessa avaliação que buscou uma solução intermediária para compor seu ministério. Reduziu o número de pastas, mas, para ter uma base congressual forte, desistiu de fazer uma equipe de notáveis.

Por pragmatismo, colocou indicados pelas principais bancadas do Congresso no primeiro escalão do governo.

Para conter um desgaste inicial, Temer vai verbalizar de forma clara, logo nos primeiros momentos do governo, a "herança maldita" – conforme definiu um auxiliar muito próximo – herdada da presidente Dilma Rousseff.

A estratégia de dar divulgação ampla à situação real da economia é considerada fundamental para, em um primeiro momento, Temer não ser cobrado pela eventual demora na produção de resultados.

Segundo interlocutores, a intenção é já conseguir aprovar no Congresso medidas sugeridas pelo futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a fim de sinalizar uma correção de rumo, em médio prazo, dos indicadores econômicos.

 "Temer sabe que não há uma fórmula mágica e que a situação política e econômica do país é extremamente grave", afirmou um dos principais auxiliares do futuro presidente.

Equipe ministerial
Na composição do governo, Temer já tinha inicialmente cedido à pressão de reduzir o corte no número de ministérios.

Mas decidiu mudar de posição quando começou a sofrer na opinião pública a crítica de que estava repetindo o modelo adotado pela presidente Dilma Rousseff na montagem do governo dela.

Foi então que Temer passou a constatar, em conversas no Palácio do Jaburu, que não dava para repetir o modelo adotado pela antecessora.

Ao mesmo tempo, ele prevê que vai conviver com protestos e manifestações de movimentos sociais e grupos políticos aliados da presidente afastada.

Apesar de os apoiadores de Dilma serem minoria no Congresso, Temer tem consciência de que eles têm capacidade para criar dificuldades para o governo.

"Será difícil recuperar o governo, mas ninguém sabe o que vai acontecer. Temer pode fracassar na política econômica, e a Lava Jato pode apontar sua mira para o PMDB", disse ao Blog o senador Humberto Costa (PT-PE), líder do governo Dilma.

Lava Jato
Os desdobramentos da Lava Jato preocupam Michel Temer. Segundo interlocutores, ele sabe que não há como controlar a operação e não fará qualquer gesto nesse sentido, mas reconhece que isso pode manter a incerteza na área política, que pode atingir seu próprio governo.

Ele decidiu nomear para o Ministério do Planejamento o senador Romero Jucá (PMDB-RR), investigado pela Lava Jato. Temer tinha consciência do risco que estava correndo quando tomou essa decisão e, depois de fazer uma consulta pessoal a Jucá, decidiu manter o convite ao senador.

O vice-presidente chegou a perguntar ao senador se ele se sentia confortável em assumir o Planejamento nessa condição. Jucá disse que estava pronto para assumir o cargo e que todos os recursos recebidos por ele de empreiteiras investigadas eram de doações legais de campanha.

Para interlocutores, Temer justificou o convite argumentando que Jucá tem como poucos a capacidade de interlocução com as principais lideranças do Congresso Nacional e que, portanto, decidiu assumir o risco de nomeá-lo.

Negociação política
Os aliados mais próximos de Temer avaliam que ele terá um grande diferencial em relação ao governo Dilma Rousseff: a capacidade de negociar diretamente com os parlamentares.

"O articulador político do Temer vai ser o próprio Temer. Ele sabe como ninguém dialogar com os parlamentares", explicou esse aliado desde o tempo da primeira eleição de Temer para presidente da Câmara, em 1997, cargo que ocupou por três vezes.

"Diferente de Dilma, ele faz política de manhã, de tarde e de noite", afirmou outro auxiliar. "Ele gosta de tomar café com deputado, almoçar com senador e tirar fotos com prefeitos.


 Temer sabe fazer política, e isso será o seu principal atribuição: recuperar o diálogo com o Congresso Nacional", disse uma importante liderança do PMDB.

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