Polícia investiga se lavagem de dinheiro do jogo do tigrinho era feita por fintechs ligadas ao CV e ao PCC

 

Polícia investiga se lavagem de dinheiro do jogo do tigrinho era feita por fintechs ligadas ao CV e ao PCC

Alvos de operação nesta quinta-feira movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões, segundo investigação
 07/08/2025 |

Por Bruna Fanti e Francisco Lima Neto

(Folhapress) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai investigar se o dinheiro arrecadado com jogo do tigrinho, divulgado por influenciadores digitais, seria lavado por meio de fintechs ligadas ao Comando Vermelho e o PCC (Primeiro Comando da Capital).

De acordo com os investigadores, o esquema funcionava por meio de uma estrutura voltada à ocultação dos recursos obtidos com a exploração ilegal de jogos de azar online.

Após a promoção do jogo por influenciadores, com promessas de ganhos fáceis, o dinheiro arrecadado era inicialmente pulverizado em contas bancárias de terceiros e de empresas de fachada, que atuavam como laranjas. Nove dessas empresas já foram identificadas, mas os nomes não foram divulgados porque o inquérito ainda está em andamento.

Ainda segundo a apuração preliminar, parte das transações ocorria por meio de fintechs sem regulamentação, que permitiam movimentações rápidas e com baixo nível de controle. Algumas dessas plataformas estariam sob influência de facções criminosas como o CV e o PCC.

“Já foi demonstrado em outras investigações que algumas fintechs têm influência de facções. Essa é uma linha de apuração. Isso não significa que os influenciadores tenham ligação com esses grupos, mas essa é uma estratégia cada vez mais usada pelo crime organizado”, afirmou o delegado Renan Mello, da Delegacia de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro.

Os valores eram, então, redirecionados para operadores financeiros que atuavam como contas de passagem, realizando sucessivas transferências para dificultar o rastreamento da origem dos recursos.

A etapa final consistia na reinserção dos valores por meio da compra de imóveis de luxo, veículos importados, viagens internacionais e consumo elevado, expostos na rede social.

A Polícia Civil fez nesta quinta-feira (7), a Operação Desfortuna contra 15 influenciadores digitais que divulgam o jogo do tigrinho, entre outras plataformas de jogos de azar. Entre eles, estão Bia Miranda e Maumau, que foi preso em São Paulo com uma arma ilegal.

Com base em Relatórios de Inteligência Financeira solicitados ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a investigação identificou movimentações atípicas e incompatíveis com a renda dos envolvidos.

Os valores ultrapassam R$ 4,5 bilhões. Um dos relatórios apontou R$ 2,7 bilhões em transações suspeitas; outro, R$ 26 milhões. Apenas os influenciadores movimentaram, de forma irregular, aproximadamente R$ 40 milhões em dois anos.

Uma das investigadas, Nayara Silva Mendes, conhecida como Nayala Duarte, movimentou R$ 9 milhões em um único ano, embora sua microempresa não apresentasse capacidade financeira para justificar esse montante.

A Polícia apura se influenciadores digitais eram aliciados por intermediários e recebiam contas viciadas para ganhar sempre, incentivando assim seus seguidores a apostarem. A hipótese será analisada a partir da perícia nos celulares e computadores apreendidos durante a operação.

“Outras investigações já apontaram que os links repassados aos influenciadores eram diferentes daqueles fornecidos ao grande público, criando a falsa impressão de que ganhar no jogo era algo fácil”, afirmou o delegado Renan Mello, da Delegacia de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro.

Segundo a polícia, eles teriam consciência da ilicitude do esquema. A Folha de S.Paulo procurou os influenciadores alvos da operação, mas não obteve resposta.

A polícia classificou os influenciadores como o “braço publicitário” do esquema. Em comum, dois nomes os conectam: Tailon Artiaga Ferreira Silva e Maicon Santos Morais. Segundo os investigadores, eles seriam responsáveis por aliciar influenciadores e recebiam, para isso, uma porcentagem dos lucros gerados após convencê-los a divulgar o jogo.

“Eles atuam como agenciadores, um elo financeiro, com movimentações incompatíveis com sua renda declarada. Em apenas um ano, Tailon movimentou R$ 18 milhões”, disse Mello. A reportagem procurou os dois pelas redes sociais, mas não obteve resposta.

A polícia já identificou outros agenciadores envolvidos no aliciamento de influenciadores, sendo essa a próxima fase da operação.

Veja quem são os influenciadores alvos da operação da polícia

  • Bia Miranda: Ficou conhecida como neta da Gretchen e aumentou sua visibilidade ao participar do reality show “A Fazenda 14”, do qual foi vice-campeã, e por suas polêmicas envolvendo a mãe, Jenny Miranda
  • Jenny Miranda: Ficou famosa ao namorar Thammy Miranda, filho da cantora Gretchen e vereador por São Paulo
  • Rafael da Rocha Buarque: Natural do Rio de Janeiro, é ex-atleta profissional e se dedica ao funk.
  • Maurício Martins Júnior: Maumau, também conhecido como MauMauZK, é famoso por seus conteúdos de humor e experiências inusitadas, especialmente no universo do jogo Free Fire.
  • Samuel Santanna da Costa: Conhecido como Gato Preto, se destaca com conteúdos sobre ostentação e humor.
  • Sun Chunyang: Sócio da empresa Cash Pay, que administra plataformas de apostas. A empresa já é alvo de uma investigação da Polícia Federal.

Demais alvos: Paulina de Ataide Rodrigues; Tailane Garcia dos Santos; Micael dos Santos de Morais; Paola de Ataide Rodrigues; Lorrany Rafael Dias; Vanessa Vatusa Ferreira da Silva; Tailon Artiaga Ferreira Silva; Ana Luiza Ferreira do Desterro Simen Poeis; e Nayara Silva Mendes. 

https://iclnoticias.com.br/policia-investiga-se-lavagem/

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