🔴 Lula visita áreas atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul e fala sobre ajuda ao estado

Lula diz que burocracia não impedirá ajuda ao RS após Leite citar dívidas

Stella Borges
Do UOL, em São Paulo
Atualizada em

O presidente Lula (PT) disse neste domingo (5) que não haverá impedimento da burocracia para que o poder público adote medidas para ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul após as fortes chuvas que atingiram o estado e cobrou um plano para prever tragédias.

O que aconteceu

Lula falou sobre ajuda depois de governador reclamar da dívida pública do Estado com a União. "O Rio Grande do Sul é um Estado que tem dificuldades para operar na normalidade por conta das restrições fiscais, grave problema que temos por conta de dívidas contraídas ao longo de tempos. (Se) já dificulta em tempos de normalidade, em tempos de excepcionalidade não vamos conseguir dar resposta, não vamos ter fôlego para responder se a gente não encaminhar determinadas soluções", disse Eduardo Leite (PSDB) em coletiva de imprensa.

"Eu sei que o estado do Rio Grande do Sul tem uma situação financeira difícil", respondeu o petista. "E eu sei que tem muitas estradas que estão com problema. Então, eu quero lhe dizer que não fique preocupado que o governo federal, através do Ministério do Transporte, vai ajudar a você a recuperar as estradas", continuou. Lula afirmou ainda que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que integra a comitiva dele em viagem ao estado, "é muito sensível" às causas das dívidas dos Estados com a União.

Presidente disse que ministra do Meio Ambiente está incumbida de apresentar plano para antecipar eventos climáticos como este. "A Marina (Silva) está compromissada em apresentar um plano de prevenção. Ou seja, é preciso que a gente pare de correr atrás da desgraça. É preciso que a gente veja com antecedência o que pode acontecer de desgraça", discursou.

Lula fez segunda viagem ao estado desde o início das chuvas e levou uma comitiva dos três Poderes. Ele desembarcou na base aérea de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, acompanhado dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) do vice-presidente do STF, Edson Fachin, além de ministros do seu governo, e sobrevoou áreas afetadas. O petista disse que o Brasil "deve muito" ao Rio Grande do Sul, sobretudo pelo desenvolvimento da agricultura.

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Governador reforçou pedido de um 'Plano Marshall' para catástrofe no estado. Leite reconheceu a prioridade de resgatar pessoas que ainda estão ilhadas e distribuir donativos, mas afirmou que a tragédia causada pela chuva vai exigir medidas extraordinárias no cenário "pós-guerra". O Plano Marshall foi um programa de ajuda financeira dos Estados Unidos para reconstruir os países da Europa Ocidental destruídos após a 2ª Guerra Mundial, no final dos anos 40.

O estado registra até o momento 75 mortes.As autoridades ainda investigam seis mortes que podem estar relacionadas aos temporais. São 103 desaparecidos e 155 feridos, segundo o boletim da Defesa Civil.

Em dez dias, Rio Grande do Sul registrou o equivalente a três meses de chuva.Ao todo foram 420 milímetros de precipitação entre os dias 24 de abril a 4 de maio, conforme o governo do Estado.

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Chuva deixa 1/3 do estado sem água e ameaça 12 barragens

As chuvas deixam 1,06 milhão de imóveis sem água, 418 mil sem luz e afetam o funcionamento de 110 hospitais no Rio Grande do Sul. Além disso, a elevação do nível dos rios coloca sob pressão 12 barragens, segundo Leite.

Alagamentos fecharam 17 hospitais. Outros 75 estão com atendimento parcial, segundo o governador. Ontem, pacientes foram transferidos de helicóptero após o HPSC (Hospital de Pronto Socorro de Canoas) ficar alagado.

Das 12 barragens que estão sob pressão, duas delas estão em nível de emergência. E cinco estão em alerta e outras 5 em nível de atenção. A barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu parcialmente na quinta-feira (2).

Enchentes afetam rodovias e aeroporto de Porto Alegre está fechado. Há 187 pontos de bloqueios nas estradas - desses 142 são totais e 45 parciais, ainda conforme o governador.

Alta do Guaíba põe em alerta moradores em 16 cidades da Grande Porto Alegre

Thaís Augusto, Beatriz Gomes e Uesley Durães Do UOL, em São Paulo
05/05/2024 08h07
Atualizada em
05/05/2024 11h27… - 

A Defesa Civil emitiu um alerta de inundação para a região metropolitana de Porto Alegre por causa da elevação do Guaíba.

O que aconteceu

Alerta de inundações da Defesa Civil vale para ao menos 16 municípios da região metropolitana de Porto Alegre. Além da capital gaúcha estão na lista: Barra do Ribeiro, Canoas, Cachoeirinha, Charqueadas, Eldorado do Sul, Gravataí, Guaíba, Montenegro, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Pareci Novo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Taquara, Triunfo.

Nem todos os bairros serão atingidos da mesma forma, explica a Defesa Civil. "Áreas mais altas não serão afetadas com a mesma intensidade. Quem mora em áreas mais baixas deve buscar abrigo em locais seguros".

Defesa Civil também alerta para chuvas e ventos fortes na região metropolitana e no Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul. Há risco de queda de granizo, alagamentos e descargas elétricas. O alerta vale até as 14h de hoje.

Também podem ocorrer inundações em áreas do entorno do rio Uruguai, na fronteira com a Argentina. São dois trechos em risco: um vai da tríplice fronteira entre Brasil, Uruguai e Argentina até São Borja; já o outro vai de Garruchos até Porto Mauá.

O nível do Guaíba chegou a 5,30 metros de altura às 7h de hoje. Os dados são da régua da Agência Nacional de Águas (ANA) e Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA).

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Chuvas no Rio Grande do Sul já mataram 66 pessoas, segundo boletim da Defesa Civil. São 101 desaparecidos e 155 feridos até a manhã deste domingo (5).

Na região metropolitana, a cidade de Canoas é uma das mais atingidas. A elevação rápida do Rio dos Sinos deixou famílias ilhadas e fechou hospitais. Autoridades pedem que moradores dos bairros Harmonia, Cinco Colônias, Mathias Velho, Central Park e Fátima deixem suas casas e busquem abrigo em áreas altas da cidade.

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Cerca de 707.190 pessoas em 332 municípios foram afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil. No centro histórico de Porto Alegre, comércios e casas continuam alagados. No sábado (4), os acessos ao Aeroporto Internacional Salgado Filho foram bloqueados pela água.

Guaíba deve ficar acima dos 4 metros de altura por 5 a 10 dias, estima Defesa Civil. Na cheia de 1941, o Guaíba ficou com o nível acima dos 3 metros durante 25 dias e, segundo o órgão, "como essa cheia [de 2024] foi maior, a gente tem a perspectiva de ter esses valores também".

Porto Alegre é protegida por muros e comportas. Contudo, apesar das barreiras, na região central da cidade, o muro Mauá já está sofrendo rupturas —a estrutura suporta uma enchente de até 6 metros.

Prefeito alerta para falta de água potável

Das seis estações de tratamento de água de Porto Alegre, quatro estão com operações suspensas. O prefeito Sebastião Melo (MDB) fez um apelo: "Não dá para desperdiçar um copo de água, neste momento. Tem milhares de pessoas que não têm caixas d'água na cidade. É quase uma determinação do prefeito. Teremos um problema sério de água. Estamos trabalhando fortemente para recuperar a situação, mas, quando o rio está muito para cima, você não consegue fazer o tratamento da água".

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Há relatos de falta de água na zona norte, segundo Maurício Loss, diretor-geral do DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgotos). "Estamos tentando isolar um pouco as bombas para que a gente consiga religar principalmente a estação de São João".

No Rio Grande do Sul, até ontem, os temporais deixaram 860.952 endereços sem abastecimento de água, segundo a Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento). O número representa 28% do total de clientes no Rio Grande do Sul.

Também falta energia na capital. Cerca de 54 mil residências continuam sem luz, cerca de 3% do total, segundo balanço da CEEE Equatorial.

Chuvas perdem força a partir de hoje

Volume de chuva está diminuindo, diz a meteorologista Catia Valente, da Sala de Situação do Estado. Mas, assim como no sábado, há previsão de chuva em áreas já impactadas.

Governador destaca que previsão de chuva fina também traz problemas. Eduardo Leite (PSDB) diz que quadro pode causar maior umidade maior e neblina, o que dificulta o sobrevoo dos helicópteros de resgate. "Ainda vai ter muitos transtornos para os próximos dias, infelizmente, em razão do grau dos danos nos nossos municípios", disse, em transmissão ao vivo no sábado (4).

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Semana começa com pouca chance de chuva em Porto Alegre. Na segunda (6), a chance de tempestade é de 11%, contra 14% na terça (7). Nos dois dias, a previsão é de sol entre nuvens, segundo a Climatempo. As máximas poderão atingir 35ºC em algumas cidades e podem alcançar 32ºC a 34ºC na Grande Porto Alegre.

Cenário pode mudar a partir de quarta-feira (8). Em Porto Alegre, pancadas de chuva são previstas durante a tarde e a noite. Na quinta (9), a temperatura começa a cair e a possibilidade de chuva na capital fica em 53%, ante 45% na sexta (10).

*Com informações de Estadão Conteúdo


https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/05/05/chuvas-rs-5-de-maio.htm

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