Para reflexão dos que pretendem votar em Bolsonaro
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18 anos Blog do Noblat
Se Bolsonaro não confia nas urnas eletrônicas como não cansa de dizer, se os bolsonaristas confiam em Bolsonaro, por que os bolsonaristas irão votar? Não deveriam.
É uma incoerência.
Ou confiam e votam ou não confiam e não votam.
Se votarem, terão que aceitar o resultado, seja qual for.
Dá-se o mesmo com a liberdade de expressão.
Bolsonaro diz que irá defendê-la até à morte.
Os bolsonaristas, também.
Mas Bolsonaro já mandou processar jornalistas pelo que escreveram.
E seu filho mais velho obteve uma decisão da justiça que retirou do ar reportagens sobre o patrimônio dos Bolsonaro.
Por que os Bolsonaro não explicam como construíram seu patrimônio?
Por que usaram dinheiro vivo para pagar a compra de mais de 50 imóveis?
E sobre o dinheiro depositado por Fabrício (rachadinha) Queiroz na conta da primeira-dama Michelle?
Por que se limitam a dizer que era dinheiro que ele devia a Bolsonaro?
Bolsonaro dizia que nunca houve corrupção em seu governo.
Quando casos de corrupção começaram a ser denunciados, ele passou a dizer que o governo é grande, e que por mais que o controle, alguma coisa sempre escapa.
Então, por que fez tudo para proteger Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação?
Ribeiro cumpriu ordens dele, como reconheceu em gravação.
Deu passe livre a pastores evangélicos dentro do ministério porque Bolsonaro pediu.
Os pastores passaram a cobrar propina por dinheiro da Educação liberado pelo governo.
Prefeitos e agora um empresário contaram detalhes sobre tudo o que aconteceu.
E aí?
Sérgio Moro deixou o governo dizendo que Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal a pretexto de defender sua família e amigos.
Em reunião ministerial gravada, Bolsonaro revelou de fato sua intenção em impedir que a família e os amigos fossem alvos de investigações.
Pense, não dói pensar:
tudo isso está certo?
Bolsonaro estava certo ao demitir seu primeiro ministro da Saúde empenhado em combater a pandemia da Covid-19?
O segundo ministro pediu demissão porque Bolsonaro, sem consultá-lo, mandou reabrir igrejas e até salões de beleza, sabotando as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos.
Por sinal, os governadores deram-se bem.
Quase todos vão se reeleger.
E os que concorrem ao Senado deverão se eleger.
Quanto a Bolsonaro, carente de votos, periga passar à história como o primeiro presidente a disputar um novo mandato e perder.
Por que sua rejeição é a maior se ele governou tão bem?
O terceiro ministro da Saúde foi um general que ao assumir confessou que não sabia o que era o SUS.
Foi Bolsonaro, sob pressão da opinião pública, que autorizou o general a anunciar que compraria a vacina chinesa Coronavac.
Feito o anúncio, Bolsonaro voltou atrás e o general humilhou-se dando o dito pelo não dito.
De novo: Bolsonaro estava certo?
Ele acertou ao receitar cloroquina contra o vírus, ao recusar-se a usar máscara, ao não deixar que a filha adolescente fosse vacinada, ao retardar a encomenda de vacinas?
Quantos milhares de pessoas não morreram sem necessidade e por descuido do governo?
A eleição do domingo dia 2 de outubro não é apenas sobre a democracia, é também sobre todas essas coisas.
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