“Quem quer ser democrata não tem que assinar cartinha”, diz Bolsonaro na Febraban
08/08/2022 às 15:29 | Atualizado 08/08/2022 às 15:40
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a chamar o documento pró-democracia da Faculdade de Direito da USP de “cartinha” em almoço com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), nesta segunda-feira (8). Bolsonaro afirmou que o objetivo do manifesto seria “voltar o país nas mãos dos que fizeram uma ofensa conosco”, em referência ao PT.
“Eu disse a vocês que tem que olhar na casa, ver as minhas ações e me julgar por aí. Assinar cartinha eu não vou assinar cartinha, até por causa mais do que política”, disse o presidente aos empresários.
No último mês, a Febraban chegou a assinar o manifesto elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que defende os valores democráticos e a independência entre os poderes.
“Quem quer ser democrata não tem que assinar cartinha não. Todo mundo, se eu mandar assinar que sou honesto, todo mundo vai assinar que é honesto. Democracia tem que sentir o que a pessoa está fazendo”, afirmou o chefe do Executivo.
O presidente citou que um dos seus adversários na disputa eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinou o documento elaborado pela USP nesta segunda (8). “Esse burburinho da democracia. ‘Ah, o Bolsonaro não é democrata. O outro lado é democrata’. Tanto é que, segundo a imprensa, [Lula] acabou de assinar a carta pró-democracia. Fotografia linda, do lado da esposa”, disse Bolsonaro.
Ele afirmou que, durante o governo Lula, o petista manteve relações com governantes que, segundo ele, são antidemocráticos, como Hugo Chávez e Nicolás Maduro, ex-presidente e presidente da Venezuela, respectivamente. Bolsonaro também criticou os governantes da Argentina, Chile e Colômbia – todos líderes de esquerda.
“É melhor um democrata na corrupção do que um honesto em um regime forte. Qual regime forte é meu? me aponte uma palavra minha contra a democracia. Eu mandei prender algum deputado?”, indagou o presidente aos empresários.
O chefe do Executivo vem realizando críticas às urnas eletrônicas e, com o ministério da Defesa, travando uma batalha com os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sobre os questionamentos ao sistema eleitoral, ele afirmou que luta “apenas por transparência” e reforçou que as Forças Armadas foram convidadas para participar da Comissão de Transparência das Eleições (CTE).
Na última sexta-feira (6), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou não ter se arrependido de ter convidado as Forças Armadas para fiscalizar o processo eleitoral enquanto ocupou o cargo de presidente do TSE, mas reprovou a atuação dos militares na CTE.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.