Brasil, o país da inflação

 Antonio Temóteo  

Uma rápida consulta nas Séries Temporárias do Banco Central (BC) mostra que entre 1º julho de 1994, quando o real entrou em circulação, e outubro de 2021, o Brasil registrou deflação (queda de preços) em apenas 14 meses. Vivemos no país da inflação.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula nos últimos 12 meses encerrados em outubro alta de 10,67% e o mercado espera que a taxa de novembro será a maior desde 2002. Para tentar reduzir o ritmo de alta de preços, o BC elevou os juros para 9,25% ao ano e sinalizou um novo aumento de 1,5 ponto percentual. 

Em meio ao aumento da inflação e da Selic, Roberto Campos Neto tem apanhado de todos os lados. É acusado de reduzir demais os juros, quando levou a taxa para 2%, e de ter demorado para iniciar o processo de alta, quando o IPCA começou a subir. Os economistas costumam de dizer que ele ficou “atrás da curva”.

Após a alta dos juros promovida ontem, economistas e analistas de mercado metralharam novamente a diretoria do BC. O argumento, agora, é que a fraqueza da atividade econômica vai derrubar a inflação no próximo ano e a dose do remédio amargo, a Selic, não precisaria ser tão alta.

Não sei quem está certo, mas em 2022 as incertezas serão maiores, com os riscos eleitorais. Os malabarismos fiscais para tentar reeleger Jair Bolsonaro e a guinada na política econômica mudaram a percepção dos investidores. 

Enquanto os governantes não entenderem que a inflação é o imposto mais perverso, que corroí a renda dos mais pobres, essa situação persistirá. É preciso estabilidade na condução da política e da economia. Quem for eleito no próximo ano precisará buscar esse caminho.

No país da corrupção, da impunidade e da malandragem, a inflação é mais um problema silencioso que atormenta os brasileiros. 

https://www.oantagonista.com/economia/brasil-o-pais-da-inflacao/

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