“Há uma divisão importante no seio da burguesia brasileira”, diz Breno Altman
247 - O jornalista Breno Altman, em entrevista à TV 247, avaliou que o manifesto das elites econômicas criticando as aventuras golpistas de Jair Bolsonaro representa a formação de um desacordo na burguesia brasileira.
Sob o título “Eleições serão respeitadas”, o texto pede respeito às eleições de 2022 e a garantia de realização do pleito e vem em resposta às ameaças golpistas.
O manifesto foi assinado por mais de 250 acadêmicos, empresários, intelectuais, políticos, artistas e outras personalidades da sociedade civil.
Para Altman, no entanto, a dissidência das elites não altera a luta política, uma vez que esses mesmos empresários se utilizam da política econômica do governo para extrair lucros exorbitantes.
“É uma divisão importante no seio da burguesia brasileira. Uma fração robusta que abriu dissidência pública em relação ao Bolsonaro no que diz respeito, evidentemente não a sua agenda econômica, não há uma letra a esse respeito no manifesto, mas em relação ao caminho político escolhido pelo Bolsonaro. É uma dissidência que enfraquece o Bolsonaro. Agora, ela decide a luta política? Não, ela não decide a luta política. É um fato importante, ele não deve ser menosprezado, mas ele é um fato que sempre tem que estar carimbado com a seguinte situação: boa parte dos empresários que assinam o manifesto recolhem lucros extravagantes sob o governo Bolsonaro. Por exemplo, a família Setúbal, integrantes proprietários do Banco Itaú, firmaram o manifesto. Os lucros do Itaú batem recordes inacreditáveis durante a pandemia e isso gera uma situação ambígua a respeito de até onde esses empresários estão dispostos a ir para derrotar ou afastar Bolsonaro”, disse Altman.
O jornalista reforçou que as elites buscam criar pressão sobre o governo para emplacar a terceira via: “Se eles realmente, além de um manifesto que envernizasse sua imagem, tivessem dispostos a exercer pressão sobre aqueles que eles financiam e que estão no Congresso Nacional, é possível que se houvesse condições do impeachment, ou pelo menos essas condições estariam fortalecidas. Não é o que temos assistido. Eu acredito que é, fundamentalmente, um manifesto, embora a aparência seja contra o Bolsonaro, que tenta soltar a terceira via. Ou seja, é um manifesto que busca enfraquecer o Bolsonaro e tenta criar as condições políticas e morais para a elite brasileira apoiar a terceira via”.
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