Bolsonaro, inimigo do brasil. -. Marco Antonio Villa
Jair Bolsonaro vai continuar atacando as instituições republicanas.
Faz parte da sua ação política.
Ele não combina com o Estado democrático de Direito.
E não é de hoje.
Agiu desta forma durante 30 anos de vida parlamentar.
Os mandatos serviram para vociferar contra as liberdades democráticas e os valores constitucionais sem que tivesse a resposta adequada, inclusive no campo legal.
Agiu à semelhança de Adolf Hitler.
O seu confrade alemão utilizou da Constituição de Weimar para destruir a República alemã.
Bolsonaro usou e abusou das garantias legais da Constituição Cidadã.
Foi tratado como um insano, um cidadão próximo da interdição, absolutamente irresponsável e que, sequer, mereceria algum tipo de resposta dos democratas e, muito menos, do Judiciário.
O tempo foi passando e as diatribes bolsonaristas foram se transformando em motivo de chacotas, blagues, que eram repetidas como se merecessem ser apreciadas pelo conteúdo agressivo, mas — e aí estava um dos erros — inofensivo.
Isto acabou levando uma parcela da população a encontrar no parlamentar uma identidade, uma proximidade com base no senso comum, típico da filosofia das massas.
Bolsonaro entendeu que não bastava ser parlamentar: era necessário repetir à exaustão um discurso extremista, antidemocrático, e de defesa da violação dos direitos humanos.
Vocalizar odes às ditaduras do continente também fazia parte do seu cardápio político demoníaco.
Criou um personagem que foi ficando maior a cada fracasso das instituições na defesa da moralidade republicana, da segurança pública e do progresso econômico.
Vocalizar odes às ditaduras do continente também fazem parte do cardápio político demoníaco do presidenteA tibieza dos democratas e a miopia política das principais lideranças do País permitiu que Bolsonaro fosse se transformando paulatinamente em referência para aqueles desiludidos com a “velha política.”
Sem ter um discurso orgânico, que permitisse apresentar ainda, que timidamente, uma visão de mundo, ele foi permanecendo nos holofotes pelos ataques sistemáticos e panfletários à ordem estabelecida.
Aproveitando de um momento — que dificilmente se repetirá — de desgaste institucional, como o impeachment de Dilma Rousseff, abriu a possibilidade para que apresentasse sua candidatura à Presidência da República, isto quando não era levado a sério pelos seus pares na Câmara — basta recordar que teve cinco votos, para a presidência da Casa.
A tarefa atual é evitar considerar, novamente, as ações de Bolsonaro simplesmente como falácias.
Não são.
Ele representa a maior ameaça à democracia no Brasil.

Sobre o autor
Marco Antônio Villa é historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de Ouro Preto (1985-1993).
É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP)
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