Delfim Netto: de superministro da ditadura a conselheiro de Lula
Lula lá
Depois de décadas em campos opostos, Delfim na direita e Lula na esquerda, os dois se aproximaram definitivamente na campanha de 2002, quando o ex-ministro declarou voto no petista no 2º turno.
Com Lula eleito, Delfim tornou-se interlocutor privilegiado do presidente, apoiando a política econômica do governo e chegando a integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Delfim apoiou a reeleição de Lula em 2006 e chegou a ser cotado para ocupar um ministério.
O próprio Delfim, porém, não teve sucesso ao tentar se reeleger para um sexto mandato de deputado.
Foi indicado pelo presidente para o conselho curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e fez parte também do conselho orientador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
“Lula salvou o capitalismo brasileiro”, disse Delfim sobre a condução da economia brasileira em meio à crise financeira internacional de 2008.
A admiração permanece e o economista festejou as decisões recentes do STF que anularam as condenações contra o ex-presidente na Justiça Federal em Curitiba, no âmbito da operação Lava Jato, permitindo que o petista possa se candidatar novamente em 2022.
“O Lula tem sido objeto de uma perseguição ridícula. O governo dele foi bastante bom”, afirmou o ex-ministro em entrevista à Radio Bandeirantes.
“Deixemos o Lula ser candidato. Se for a vontade do povo, e com o meu voto, ele voltará à Presidência”, acrescentou.
Assim como o ex-presidente Lula, Delfim também foi alvo da Lava Jato.
O economista foi acusado por procuradores da República de receber propina durante a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Ele rejeita a acusação e diz que recebeu honorários para dar consultoria na criação do consórcio que venceu o leilão da usina.
“Recebi R$ 3 milhões como honorários, em parcelas e de várias fontes. Tudo declarado”, disse o economista à IstoÉ Dinheiro.
A admiração por Lula, no entanto, não se repetiu com a sucessora Dilma Rousseff, de quem divergiu na condução da economia.
Ele destaca, porém, que a presidente eleita em 2010, reeleita em 2014 e que sofreu impeachment em 2016, não “errou sozinha”.
Delfim voltou a se aproximar do Planalto quando seu colega de partido, Michel Temer, assumiu a Presidência no lugar de Dilma.
“Ninguém tem a vivência de política econômica que ele (Delfim) possui”, declarou Akihiro Ikeda à IstoÉ Dinheiro. Ele colaborou na elaboração do programa “Uma Ponte para o Futuro”, do governo Temer.
Em 2009, Delfim teve graves problemas de saúde. Passou dois meses internado, ficou 18 dias em coma com uma embolia pulmonar e problemas cardíacos.
“Foi uma coisa terrível”, contou ao Valor Econômico.
“Não vi o tal túnel com a luz branca. Foi uma decepção!”, brincou.
Na ativa
Discreto, workaholic, sarcástico e muito inteligente, Delfim segue na ativa.
É sempre solicitado para entrevistas e opina sobre os fatos mais importantes.
Recentemente, por exemplo, disse que não há risco de golpe no Brasil, elogiou o auxílio emergencial na pandemia, criticou o presidente Jair Bolsonaro em mais de uma oportunidade e defendeu o voto em Lula.
Delfim escreve regularmente para o jornal Folha de S. Paulo.
É autor de vários livros, como O Problema do Café no Brasil (1959), O Animal Econômico (coletânea de artigos publicados na Folha), Crônica do Debate Interditado (1988), Só o Político pode Salvar o Economista (1986) e Economia é Coisa Séria (coletânea de artigos publicados no Valor Econômico).
Delfim ficou viúvo de Mercedes Saporski Delfim.
Anos depois casou com Gervásia Diório.
Tem uma filha, a empresaria Fabiana Delfim, e um neto, Rafael.
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