'Não adianta só trocar o ministro. Governo tem que trocar de atitude', avalia Mandetta

O ex-ministro da Saúde afirmou ao Jornal da CBN que o governo federal procura um médico para comandar a pasta que obrigatoriamente negue a ciência e que se responsabilize pelas mortes causadas pela covid-19. Mandetta defendeu que a população receba apenas a primeira dose da vacina, para garantir que mais pessoas consigam ser imunizadas em menos tempo. O ex-ministro disse ainda que falta liderança dentro do Brasil, 'mas há uma ausência de liderança mundial que é patética'.


O ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta criticou a atitude do Governo Federal no combate à Covid-19 e falou sobre a mudança no comando da pasta. Em entrevista ao Jornal da CBN nesta segunda-feira (15), ele falou sobre a atuação de Eduardo Pazuello e disse que a escolha por um militar da ativa 'passou a ideia de subserviência'. Em sua avaliação, agora há uma placa de emprego dizendo: 'procura-se médico que negue a ciência, que seja responsável pelas mortes e que vai ser execrado no final. Com a garantia de apoio do centrão'.

Na avaliação de Mandetta, a pandemia no Brasil está politizada e a mudança apenas no cargo de ministro da Saúde não adiantará. 'Pode botar o Prêmio Nobel de Medicina, mas se não houver mudança de atitude do governo, não adianta', opina. Ele diz que conhece Ludhmila Hajjar, que chegou a ser cotada para assumir o lugar de Pazuello. Em sua avaliação, ela é muito focada nos estudos, mas ressalta que não sabe qual a experiência da médica em gestão. Mandetta também destacou que 'há uma ausência de liderança mundial que é patética' e criticou o fato de países ricos terem comprado mais doses do que a sua população precisa.


O ex-ministro da Saúde defendeu que a população receba apenas a primeira dose da vacina, para garantir que mais pessoas consigam ser imunizadas em menos tempo. 'Eu acho que já passou da hora de chamar todo mundo e falar: não dá para ficar esperando a segunda dose'. Ele afirma que se isso fosse feito em São Paulo, em 30 dias, toda a população acima de 60 anos teria sido vacinada. Mandetta avaliou que houve erros em situações primárias na organização do sistema de saúde que levaram a mortes, como a falta de oxigênio no Amazonas.


Mandetta encerrou criticando a postura do presidente Jair Bolsonaro em defender a cloroquina e disse que usar um remédio em que sabe os riscos mas não se sabe o benefício é contrário às regras básicas da ciência. 'A gente está ainda no Brasil nesta discussão primária. [...] a gente vai confundindo todo mundo e o vírus vai ganhando de goleada', diz.
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foto: Marcelo Chello/CJPress/Agência O Globo (Crédito: )
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foto: Marcelo Chello/CJPress/Agência O Globo

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