Faltam 596 dias para tentarmos nos livrar dos assaltantes que estão no Poder. Entraga de nossas empresas lesam o povo e enriquecem os vigaristas de sempre! Bolsonaro: triste trouxa ou cúmplice ?
"O setor privado pouco investiu, obrigando o governo a continuar investindo na expansão do
sistema
De fato, só no segmento de geração de energia, cerca de 60% dos ativos estão privatizados.
No segmento de transmissão, 85% das linhas são operadas por empresas privadas. E as
principais distribuidoras também foram privatizadas.
Essa quase completa privatização produziu um resultado oposto do prometido quando as
estatais de energia começaram a ser privatizadas.
O setor privado pouco investiu, obrigando o governo a continuar investindo na expansão do
sistema. E, em vez de mais baratas, as tarifas para o setor residencial subiram mais de 55% e
as do setor industrial subiram cerca de 130% acima da inflação, provocando a falência de
inúmeros estabelecimentos industriais, desempregando centenas de engenheiros e milhares
de operários qualificados e dando início ao processo de desindustrialização do Brasil.
Sobrou a Eletrobras, que agora o governo quer privatizar, sem apresentar um motivo plausível
para isto.
A Eletrobras poderá ser muito rentável, desde que se afaste das sempre desvantajosas
influências políticas e passe a ser dirigida por administradores competentes e honestos, que
trabalhem a favor da empresa e não por um obscuro processo de privatização.
Por esta razão, o controle das grandes usinas hidrelétricas é estratégico. Nos Estados Unidos
estas pertencem e são exploradas por entidades públicas, como a Tennessee Valley Authority,
a North Western Energy Company e, principalmente, pelo US Army Corps of Engineers, que é
o maior operador-proprietário de usinas hidrelétricas naquele país, com 75 usinas e capacidade
instalada de 21.000 MW, ou cerca de 24% da capacidade hidrelétrica ali instalada. A também
estatal Bonneville Power Administration responde pelo sistema de transmissão que integra as
grandes usinas e faz o intercâmbio com a estatal canadense British Columbia Hydro.
No espaço público ficam atividades não lucrativas, como a diplomacia, a segurança, o ensino
básico, a pesquisa científica, a saúde pública etc., além de serviços vitais para as demais
atividades e que sejam monopolizáveis.
Ora, o suprimento elétrico é um serviço naturalmente monopolizável, do qual dependem a
produção industrial, o comércio, as comunicações, a conservação dos alimentos, ou seja,
praticamente tudo. Assim, as tarifas elétricas não devem ser formadas no espaço privado, pois
influenciam todos os custos da economia e podem constituir uma ferramenta de controle da
inflação e um privilegiado instrumento de arrecadação.
Por força das privatizações feitas no governo FHC e da introdução de intermediários não
produtivos, com o objetivo (inatingível) de converter em mercadoria um monopólio natural como
a energia elétrica, a Eletrobras vinha apresentando resultados muito negativos, por ter sido
obrigada arcar com os prejuízos do modelo. Não por acaso, esses prejuízos corresponderam a
grandes lucros para os intermediários não produtivos.
As hidrelétricas que ainda pertencem à Eletrobras têm em torno de 30 anos, portanto quase
todo o capital nelas investido está amortizado. Assim, a energia nelas gerada custa cerca de
R$ 42/MWh.
Eliminando-se os intermediários não produtivos, esta energia poderia ser vendida diretamente
às distribuidoras,
Em vez de privatizar esse lucro, o governo deveria deixá-lo com a própria Eletrobras, para
aplicações na expansão e na modernização do sistema elétrico, acompanhando de forma
sustentável o desenvolvimento da economia.
Por fim, cabe assinalar que, segundo uma recente pesquisa de opinião feita na Inglaterra, 77%
dos ingleses querem que as empresas de energia elétrica, que foram privatizadas durante a
administração Tatcher, sejam reestatizadas.
Suas principais queixas referem-se à baixa qualidade dos serviços e às elevadas tarifas. (Ver:
www.theguardian.com/ commentisfree/2018/jan/09/nationalise-rail-gas-water-privately-owned).
Queixas semelhantes poderão surgir no Brasil, caso a Eletrobras seja privatizada.
Veja-se o que aconteceu recentemente no Amapá. Ao contrário do que faria uma pública, a
empresa Gemini Energy, atual responsável pelo suprimento elétrico daquele Estado, optou por
maximizar lucros, negligenciando os investimentos na manutenção do sistema. O resultado foi
um apagão que durou três semanas.
Joaquim Francisco de Carvalho é mestre em engenharia nuclear e doutor em energia
pela USP, foi engenheiro da Cesp e diretor industrial da Nuclen (atual Eletronuclear) e
pesquisador associado ao IEE-USP
MEDIDA PROVISÓRIA DO ASSALTO
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