Plano de vacinação é 'razoável', mas faltam pontos importantes, diz Wanderson

 Por Cézar Feitoza

12.12.20 21:14 


Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O epidemiologista Wanderson Oliveira, ex-secretário de Vigilância em Saúde, afirmou a O Antagonista que o Plano Nacional de Imunização (PNI) apresentado pelo Ministério da Saúde é “razoável”, mas ainda restam “pontos importantes” sobre logística a serem definidos pela pasta. 

O plano de vacinação foi enviado hoje pela Saúde ao STF. O governo espera ter 108,3 milhões de doses para imunizar 51,4 milhões de brasileiros dos grupos prioritários em 2021. 

“O plano apresentado é razoável, já permite à sociedade começar a conhecer o que realmente está sendo planejado. [Mas] Ainda faltam alguns pontos importantes”, disse Wanderson. 

Entre as indefinições no plano, a Saúde não prevê a compra de refrigeradores que permitam armazenar vacinas a -70ºC, como é necessário para o imunizante da Pfizer.

“Se estão prevendo a aquisição da Pfizer, não deveriam estar comprando as geladeiras? Mesmo para os grandes centros, o acesso a esse equipamento não é tão fácil. Estou ciente que os laboratórios centrais estão abarrotados de amostras, não será possível guardar as vacinas lá.” 

Segundo Wanderson, o governo federal deveria fazer uma parceria com farmácias e clínicas privadas para a operacionalização do plano. “[As farmácias] Não terão vacina para comprar e estarão ociosas. Poderia ser feita também uma articulação com elas para compartilhar a vacinação de rotina e assim evitar a interrupção das campanhas”, disse.

O plano de vacinação também não traz uma previsão de data para o início da imunização do grupo prioritário, que inclui por profissionais de saúde, idosos, indígenas e professores.  

Há uma semana, o governo estimava começar a vacinação em março. Em reunião com governadores na terça (8), Eduardo Pazuello mudou o tom e disse que a Saúde compraria todas as vacinas registradas pela Anvisa ou com autorização para uso emergencial — decisão que pode antecipar o início da imunização no Brasil.

Wanderson alerta para o fato de, entre março e maio, a Saúde promover as campanhas de vacinação contra influenza. 

“Nenhuma vacina contra Covid-19 foi testada junto com a vacina contra influenza. Como não se sabe a interação que possa ocorrer, é preciso ter um intervalo de 30 dias entre uma vacina e a outra. Como a Saúde está prevendo a campanha de vacinação concomitante das duas doenças que vão ocorrer em período sobrepostos? Haverá seringas e agulhas para comportar as 80 milhões de doses da influenza e mais as 30 milhões de doses de Covid-19 que serão aplicadas no primeiro semestre?” 

O epidemiologista também criticou a decisão do Ministério da Saúde de retirar os presos do grupo prioritário de vacinação.

“Não estão incluídas as pessoas privadas de liberdade. O Estado é tutor dessas pessoas, não é admissível não incluí-las. É condená-las à própria sorte”, concluiu. 

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