Junji Abe - No século 19, abolimos a escravatura e abrimos as portas para as imigrações europeias, asiáticas e árabes.

Ao longo dos séculos seguintes, cativamos olhares internacionais de admiração por sermos um povo generoso com a miscigenação. 

Conquistamos a policultura, em termos de raça, cor, religião, gênero e etc. com avanços gradativos e firmes em todos os sentidos.

Sou um dos milhares de brasileiros descendentes de imigrantes. Venho de avós e pais japoneses. Na década de 1940, sentia a discriminação racial em pequeno grau, impulsionada, em especial, pelos acontecimentos da 2ª Guerra Mundial. Porém, absorvida sem constrangimentos ou mágoas, e superada rapidamente.

Tamanha é a generosidade do povo brasileiro que, além de reconhecimento a valores como respeito, confiança e força de trabalho, na década de 1950, após a guerra, começaram a surgir lideranças nisseis. Elegeram-se vereadores, deputados estaduais e federais. Mais tarde, prefeitos e até senadores em estados como Mato Grosso. 

Prova maior está em Mogi das Cruzes, onde o povo elegeu, logo após a 2ª Guerra, o vereador Taro Konno, representando a agricultura mogiana.

Além de produtor rural, minha trajetória como cooperativista, sindicalista, vereador, deputado estadual, prefeito e deputado federal é a demonstração inequívoca da generosidade do povo brasileiro. Aliás, a canção Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, retrata com emoção esta faceta da população verde-amarela.

De repente, aqueles nefastos sentimentos que pensávamos estarem sepultados, começaram a ressurgir. Isso ocorreu de 10 anos para cá e, notadamente, após 2016, com o início desta descomunal recessão de ordem política, econômica, financeira e social que, aliás, é diferente da gigantesca crise de 1980 a 1994.

No caos atual, o componente da ética e moral foi abalado e ruiu. Talvez, em razão da somatória de fatores, afloraram a intolerância, todo tipo de preconceito e discriminação. Inclusive, com manifestações beligerantes de importantes figuras políticas e religiosas.

Precisamos rechaçar com força total os erros e violência que parte da população brasileira está cometendo. Não só com palavras, mas com atitudes. 

Ao lado da grande maioria do povo ordeiro, generoso, trabalhador e respeitoso e, cerrando fileiras com legítimas e corajosas lideranças deste grandioso Brasil, vamos engrossar a mobilização e nos manifestar contra a intolerância, o preconceito e a discriminação. 
Mais do que nunca, respeito à diversidade! Resgatemos nossa essência de bem! 

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