Junji Abe - Um pouco da história - Neto de japoneses, prefeito de Mogi usou hashis para escapar de bronca no Exército

Neto de japoneses, prefeito de Mogi usou hashis para escapar de bronca no Exército - https://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2008/03/17/ult4733u13667.jhtm - 

17/03/2008 

Arquivo pessoal                                                                                           
O prefeito de Mogi das Cruzes e neto de japoneses, Junji Abe chegou em 1929 
Foi aliando a ascendência japonesa e um pouco de criatividade que o nikkei e prefeito de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), Junji Abe, se livrou de uma punição quando servia no tiro-de-guerra do Exército brasileiro. 

Ele diz que o grupo sempre realizava longas caminhadas e que, um dia, na pausa para o jantar, percebeu que havia esquecido os talheres.



"Eu fiquei extremamente preocupado, porque podia ser punido. Entrei no mato, cortei dois galhos e improvisei hashis [os "palitinhos" que os japoneses usam para comer]. 
Quando o tenente me viu, disse: 
'soldado Abe, pela sua criatividade, não vou puni-lo dessa vez."

O episódio aconteceu em 1959, mas a história da família Abe no Brasil começara três décadas antes, em 1929, quando o avô de Junji, um marujo mercante, chegou a Mogi.



"Meu avô fugiu à regra. Ele trabalhava em uma grande companhia de navios e, em dias de folga, aproveitava para explorar os lugares. Foi assim que conheceu Mogi e, anos depois, imigrou com destino certo. Trouxe minha avó, meu pai e uma tia, para fincar raízes."

Em três anos, o marujo passou do emprego arranjado em uma fazenda de outro imigrante para um terreno no bairro de Biritiba-Uçu, onde plantava verduras e legumes. 

O negócio foi crescendo e, na década de 80, os Abe tinham entre 360 e 370 alqueires de terra a 50 km de São Paulo, e eram os maiores produtores particulares de repolho de São Paulo. 

O "império produtor de verduras" acabou na década de 80, por causa da inflação, conta o prefeito.

Rigor

Os netos do ex-marujo Tokuji nasceram trabalhando na fazenda, "com as mãos na terra", e estudando em escola japonesa. 

Na infância, foram morar em um internato, na zona urbana, para priorizar os estudos. Nos finais de semana, o tio ia buscá-los, em um trajeto que durava duas horas. Nas férias, nada de descanso: todos sempre tinham uma tarefa a cumprir.

Por isso, uma das maiores heranças que Junji carrega é a valorização do trabalho. 

"Meu avô sempre dizia uma expressão que significa 'não seja osso podre', 'não seja vagabundo'."

Outra lição é a disciplina. "Sou um verdadeiro chato

Sou pontualíssimo e não sossego enquanto as roupas não estiverem penduradas ou colocadas para lavar."

Por outro lado, foi também o rigor que levou a irmã de Junji a esconder um namoro com um "gaijin" --um brasileiro não-nikkei-- por seis anos. 

Por fim, o adolescente Junji descobriu as mentiras da irmã, e a dedurou para os pais. 

"Eu era contra. Os japoneses vieram para uma terra desconhecida, com uma formação que não admitia mestiçagem." Não adiantou espernear: a irmã se casou com o brasileiro, e todos se tornaram amigos.

Pós-guerra

O pós-guerra foi um período especialmente ruim para os japoneses que moravam no Brasil. Embora ainda fosse criança, Junji se lembra de ver o pai esconder a máquina fotográfica no mato, com medo de ser acusado de espionagem.
Na escola, ele diz ter sofrido preconceito.

"Minha mãe cortava meu cabelo em casa, para economizar, e as crianças me chamavam de 'japonês cabeça de tigela'

Tinham famílias japonesas que cultivavam rãs para comer, então, eu também era chamado de 'come-rã'." Da época, ficou a rejeição ao apelido de "japonês".

Hoje, na porção que lhe restou da grande fazenda de seu avô, Junji cultiva orquídeas. 

Ele diz se sentir realizado na agricultura, mas sempre com um pé atrás. 

"O japonês nunca pensa que a felicidade é eterna. 
Para ter felicidade, tem que ter infelicidade. Só tem dia porque tem noite."

🛒 Conheça o Supermercado Higa"s 😃🛒

🛒 Conheça o Supermercado Higa"s 😃🛒
Com mais de 35 anos de história, o Supermercado Higa"s é sinônimo de confiança, Variedade e atendimento excepcional.

Postagens mais visitadas deste blog